domingo, 21 de maio de 2017

TEMAS EM PSICOPATOLOGIA CLÍNICA - 3

Os delírios em psicopatologia costumam ser percebidos conforme o ideário positivista da ciência (psiquiatria biológica) ou do humanismo crônico das ciências humanas (psicologia e afins). Deste modo, a medicina psiquiátrica quer deletar o sintoma e a psicologia clínica quer compreendê-lo. Nem uma coisa nem outra são possíveis. Trata-se de uma falácia epistemológica disfarçada de boas intenções. Os delírios assombram as consciências vigis e vigilantes. É que eles se referem a modos de subjetivação secretados pelo mundo, e ultrapassam a divisão bem/mau em prol da construção de territórios de verdade. "Um pouco de verdade senão eu morro!" Assim, é possível "sentir-se vivo" mesmo que tudo em volta reine em decomposição. Os delírios são, portanto, "verdade verdadeira" mesmo que não sejam. Isso não importa. A sua função social está inscrita nas entranhas de um inconsciente órfão, à flor da pele, à flor do tempo, à flor do desejo e coextensivo a todas as expressões humanas. Então o eu se volatiza e o delírio o substitui. Ora, se todos deliram (e deliram!) não significa que todos estão loucos, mas que correm e se debatem numa megaloucura insubornável, assim como com a morte.

A.M.

Um comentário:

  1. Ñ querendo estimular, mas já estimulando...
    Sendo assim, penso que ñ mais subornarei, digo adeus às drogas anti loucuras..., haha
    Quem vai encarar...?

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