O FIM E O FIM DO DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO - III
Um diagnóstico médico típico: a tuberculose pulmonar. Quadro clínico, anamnese, exame físico, exames de laboratório, etiologia, tratamento e prognóstico, tudo encadeado numa série compacta de dados clínicos observáveis e comprováveis. Tal não acontece na psiquiatria, mesmo naquelas patologias ditas de origem orgânica, como as demências. É que ela trabalha com determinantes psicossociais tratados (mesmo sem o ser dito) como inferiores (epistemologicamente) aos determinantes somáticos: a psiquiatria ainda está à procura de um corpo! Mais: ela usa vetores somáticos (com destaque especial para o cérebro) que reduzem a complexidade do funcionamento mental a conexões neuroquímicas, ou dito de maneira mais ampla, a processos físico-químicos que compõem um organismo. O diagnóstico psiquiátrico insiste na Clínica como fóssil nosológico voltado a afirmação de uma pseudo-cientificidade, caucionando um status de prestígio sócio-acadêmico, poder e dinheiro. Em termos terapêuticos (o que fazer pelo paciente?) o diagnóstico se revela não só inútil, mas deletério à saúde mental e produtor de "doenças mentais" fictícias. Estas, acopladas ao circuito de produção-consumo-produção (entranhas do capital mercantil ) demandam o uso indiscriminado de psico-remédios químicos como solução para sintomas que por um passe de mágica se tornam doenças do organismo (por. ex., o pânico...). O fim do diagnóstico, que era de origem moral e disciplinadora, torna-se, pois, o fim como declínio do diagnóstico, tal a produção de subjetividades apassivadas em série. Psicose, histeria, demência, ansiedade generalizada, pânico, depressão, TOC, fobia social, etc, tanto faz, transtornos diferentes para remédios iguais.
A.M.
Tem médicos "clínicos" que só em ver o paciente chorar durante a consulta já lhe prescreve uma caixa de sertralina. Aconteceu, mas, ainda bem, a pessoa não tomou o "remédio igual" (Sertralina tá na moda). Na verdade, o choro foi por causa da apreensão com uma cirurgia a qual ela iria se submeter.
ResponderExcluirChorar durante uma consulta pode ser perigoso, rsrs. Nem todos têm capacidade técnica para discernir "emoções".
Tem médicos "clínicos" que só em ver o paciente chorar durante a consulta já lhe prescreve uma caixa de sertralina. Aconteceu, mas, ainda bem, a pessoa não tomou o "remédio igual" (Sertralina tá na moda). Na verdade, o choro foi por causa da apreensão com uma cirurgia a qual ela iria se submeter.
ResponderExcluirChorar durante uma consulta pode ser perigoso, rsrs. Nem todos têm capacidade técnica para discernir "emoções".
Que texto traidor hein! Muito potente. Eu paciente, impaciente, luto por não me assujeitar. Sem desistir de ser
ResponderExcluirParabéns. Texto lindo
A medicina trabalha muito mal com o "invisível".
ResponderExcluirAlgum exame de USG identificou a imagem da Angústia?