domingo, 3 de janeiro de 2021

Prefácio


Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —

sem nome.

Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.

Insetos errados de cor caíam no mar.

A voz se estendeu na direção da boca.

Caranguejos apertavam mangues.

Vendo que havia na terra

Dependimentos demais

E tarefas muitas —

Os homens começaram a roer unhas.

Ficou certo pois não

Que as moscas iriam iluminar

O silêncio das coisas anônimas.

Porém, vendo o Homem

Que as moscas não davam conta de iluminar o

Silêncio das coisas anônimas —

Passaram essa tarefa para os poetas.


Manoel de Barros

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