O SENTIDO DAS DEPRESSÕES
As depressões atuais se espalham num amplo espectro de acontecimentos, onde a etiologia (causa) e o quadro clínico (sintomas) são múltiplos. Desse modo, é essencial para uma clínica da diferença em psiquiatria não considerar as depressões no sentido biomédico. Dupla traição: trair a psiquiatria como especialidade médica e à psiquiatria como instituição (forma social). As depressões não são, pois, uma doença do cérebro, mesmo que este se mostre alterado em seu funcionamento. Ora, qualquer afeto produz efeitos sobre o cérebro, mesmo e principalmente um "bom" afeto, por exemplo, a alegria. Ela embriaga. Assim, na análise semiológica do Encontro com o paciente, as perguntas devem partir do mundo para o eu, e não o contrário. De onde você veio, onde você vive, com quem vive, como vive, trabalha, como trabalha, em que acredita, amores, quais seus amores, etc. São linhas existenciais que mapeiam singularidades. Sim, talvez haja necessidade de um anti-depressivo...e se houver, será na contextualização de um tempo desejante. Pena que as cronificações depressivas circulem e se mostrem cada vez mais explícitas. No entanto, como poderia ser diferente se a própria psiquiatria anda deprimida? Sinapses esgotadas... neurônios aflitos... angústia... A alma em colapso.
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário