REALIDADE DAS FORÇAS
A política é constituida por forças. Forças em relação com forças. Neste sentido, "tudo é política" desde que o elemento humano se faça presente. Em termos macrossociais (grandes conjuntos) e microssociais (pequenos conjuntos), a política funciona como um a priori das relações humanas. As forças se "ocultam" nas formas sociais, muitas delas produtivas e necessárias, digamos, a um "bom viver". É o caso da família, instituição muito antiga que "garante" a continuidade de outras instituições como a do eu, da subjetividade, da sexualidade, entre outras. Um axioma se impõe: toda instituição (cujo combustível é o poder) só funciona em relação com outras instituições, formando redes de conexões imprevisíveis. Mesmo na composição do organismo humano (o fenótipo) e do corpo invisível (o sem modelo), instituições-força se relacionam muito mais para compor, conectar e não para destruir. Territórios são criados. Assim, há ambiguidade no cerne do processo institucional. Inexiste "bem " ou "mal" como essências dadas, mas como usos de afirmação ou negação da vida: processo da natureza sem fim. Dissecar esse entrelaçamento de linhas não é fácil e por vezes impossível. No fim, tudo conduz à ação politica segundo análises das forças em jogo. Desde um conflito entre estados nacionais até uma separação conjugal litigiosa, as forças são essencialmente fluidas à serviço de interpretações descoladas (ou não) do real conforme interesses de toda ordem. Podemos chamar tal processo de micropolítico, mesmo que. por exemplo, seja uma crise do Estado de direito. A geopolítica. Eis o quantum desejante que move os corpos nas relações entre si. A moral comparece, mesmo que se a negue, principalmente por isso.
A.M.
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