terça-feira, 31 de dezembro de 2024

ÉTICA E CLÍNICA EM SAÚDE MENTAL

Em saúde mental, assim como na medicina, a ética é indissociável da clínica. Não como uma ética idealista, ou seja, não como reflexão teórica sobre a moral. Trata-se de outra coisa, um conceito. Ele está encravado nas práticas. A ética como aumento ou redução da força de viver. Potência dos corpos. Ó Spinosa!  A clínica em psicopatologia é assim a própria ética, ela em si mesma, a ética crua. Impossível não haver uma escolha. A psiquiatria manicomial, por vezes disfarçada de neurobiológica, também é ética, ainda que uma ética de invalidação discursiva, destruição e/ou amordaçamento do desejo. É que no ato clínico, a ética passa por linhas singulares da existência que solicitam escolhas finas. Não é fácil, pois não há uma chave universal para resolver dilemas práticos. Ausente um modelo exceto o dos manicômios da alma. Ou o do sistema do capital: mais lucro, exploração, mais, até o infinito. Então a ética não pronta terá que ser inventada a cada momento e num contexto sócio-institucional dado. Diante do paciente, o que fazer? Como diria Deleuze, com que direito?


A.M.

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