Delírios
Deixe a mente vagar, correr pela imensidão de pensamentos invertidos sob o sangrento sol poente.
Quando a psicose crônica de um mundo doentio tentar engolfa-lo no profundo mar da mesmice, grite! Permita que a insânia se apodere de uma cabeça que já não mais te pertence.
A loucura é o refúgio mais seguro contra a podridão do homem decadente.
Não tente pensar. Eis o maior erro que se pode cometer. Os pensamentos são armadilhas, buracos pelos quais a felicidade escorre para longe de si.
Use seu corpo, sinta as bocas que te cercam, turve sua mente com álcool e prazer. A plenitude está na doçura de um pecado deliciosamente cometido.
A morte é incrivelmente sedutora, dance com ela. Até o fim da noite terá a domado.
Renasça das cinzas putrefatas, um novo eu pronto para declinar novamente ao nada.
Coloque em seu sorriso as sombras devassas que atormentam sua mente. A insaciável besta do desejo deve ser libertada. Ela irá caçar suas presas, abocanhá-las.
Eleve-se aos céus dos prazeres, suje o que for puro, estrague o bom, destrua tudo que construíram sobre a falsa racionalidade sórdida dos pensadores. Monte um castelo de incertezas e deixe que ele venha abaixo, sucumbindo nos sonhos subversivos da mente delirante.
Contaram-te que a luxúria é pecado. Mentem! A luxúria é o antídoto contra a morte na vida.
Faça da vida uma brincadeira, sua vontade será o único Deus que adorará. Convide a loucura para entrar, nenhuma festa está completa sem ela. Ria das mentes sãs, são elas as loucas.
Seus amores devem ser como fogo: queimar intensamente e logo se extinguir, mas deixar marcas incandescentes no espírito regozijante. Esgote o último fôlego de sua sanidade.
E por fim, quando estiver demasiadamente embriagado pelo vazio dos excessos, quando dentro de si não sobrar mais um fio de sua antiga razão tola, verás, enfim, o animal desprezível no qual o homem se reduz. Descobrirá que toda civilização é apenas a desesperada tentativa de ocultar o desejo ardente que existe por trás da alma. O homem é, em sua essência, uma sombra bestial sufocada por seus impulsos perversos.
Rodrigo Ribeiro - do blog A decadência do Anjo - postado em 27.10.2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário