ÊXODO
Reconstruo meu cérebro com o que restou de ti,
como se caminhasse nas ruas
com a massa inerme nas mãos.
Como se em mim já não coubesse mais
o instrumento com que organizei paisagem
que fiz com o que não pude ver,
como se nada mais sentisse do que fiz ou fui.
Assim, não parece tão má a enorme desesperança,
em que o desesperar não mais aflige a palavra amor,
que agora flutua inerte entre meus dentes sem fome,
como se soubessem de uma morte sem medo,
e para ela sorrissem, vazios,
como no vazio me dissipo,
através do amor que por aí deixei
João José de Melo Franco
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