domingo, 23 de junho de 2013

TEATRO DE MÁSCARAS

O nosso teatro é o da crueldade, mesmo que  não sejamos competentes para tanto. O contato  com a vida, no que ela possui de mais  radical, é  coisa da clínica. Ou então a clínica será um monumento à covardia.  Os psiquiatras, por  exemplo, se  refugiam em corporações.  Conversam  com seus  pares, alimentam  redundâncias  exaustas. Haldolizam as linhas de fuga do pensamento. Mantém um teatro da representação onde a política tem o Estado e o Mercado como centros decisórios. Criam uma verdade, mas  uma verdade baixa, como diz Deleuze. É claro que os  psiquiatras como pessoas não estão no jogo. Resta a psiquiatria como registro do Poder e  significante autorizado da Ciência. Como intervir sobre o que não  necessita  de  intervenção? Reina a paz nas hostes  psiquiátricas, exceto pelo inferno  das lutas antimanicomiais. O psiquiatra se  sente atingido no self. Adianta dizer que a questão é outra? Adianta chamá-lo de não psiquiatra e ao mesmo tempo psiquiatra? A esquizofrenia se  aproxima.  Sem que se note, chega  o tempo do anticontrole. O teatro de máscaras tem Foucault, Kubrick, Artaud, Hesse, entre outros personagens. O diálogo com os psiquiatras torna-se autistico e cômico. Prefiro  as viagens no mesmo lugar,  ou o roubo do pensamento.

A.M.

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