TEATRO DE MÁSCARAS
O nosso teatro é o da crueldade, mesmo que não sejamos competentes para tanto. O contato com a vida, no que ela possui de mais radical, é coisa da clínica. Ou então a clínica será um monumento à covardia. Os psiquiatras, por exemplo, se refugiam em corporações. Conversam com seus pares, alimentam redundâncias exaustas. Haldolizam as linhas de fuga do pensamento. Mantém um teatro da representação onde a política tem o Estado e o Mercado como centros decisórios. Criam uma verdade, mas uma verdade baixa, como diz Deleuze. É claro que os psiquiatras como pessoas não estão no jogo. Resta a psiquiatria como registro do Poder e significante autorizado da Ciência. Como intervir sobre o que não necessita de intervenção? Reina a paz nas hostes psiquiátricas, exceto pelo inferno das lutas antimanicomiais. O psiquiatra se sente atingido no self. Adianta dizer que a questão é outra? Adianta chamá-lo de não psiquiatra e ao mesmo tempo psiquiatra? A esquizofrenia se aproxima. Sem que se note, chega o tempo do anticontrole. O teatro de máscaras tem Foucault, Kubrick, Artaud, Hesse, entre outros personagens. O diálogo com os psiquiatras torna-se autistico e cômico. Prefiro as viagens no mesmo lugar, ou o roubo do pensamento.
A.M.
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