PRODUÇÃO DE TRANSTORNOS
Pra quem não sabe, o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) é o manual onde estão listados os diversos transtornos psicológicos e suas características. Atualmente ele está na 4ª edição e a 5ª já está em desenvolvimento por algum tempo. Algumas críticas costumam ser levantadas quanto à confiabilidade deste manual e muitas polêmicas têm sido levantadas durante a elaboração da sua 5ª edição.
Eu tenho evitado tocar neste assuno aqui no blog justamente para não levantar polêmicas e não acabar prejudicando ninguém nem nenhuma profissão, mas tenho lido tanta notícia que não dá mais pra passar em branco.
Na edição de janeiro da revista online Wired há uma publicação sobre a oposição de Allen Frances ao modo como o DSM-V tem sido construído. Embora ele seja apenas um de muitos insatisfeitos, o que chama atenção é que além de psiquiatra, ele trabalhou na construção da 4ª edição.
Ele chega a dizer coisas como “Não há definições de doença mental, é tudo porcaria” (“There is no definition of a mental disorder. It’s bullshit,”) e “cometemos erros que tiveram terríveis consequências” (“We made mistakes that had terrible consequences“). Certamente ele se refere a casos como a extensão do transtorno bipolar para crianças, acarretando em um aumento de aproximadamente 40% de diagnósticos do transtorno e prescrição de antipsicóticos para estas crianças, mesmo que muitos dos efeitos destas drogas em cérebros em desenvolvimento sejam desconhecidos e podem levar à obesidade e diabetes. Ele ainda cita que em 2007, Joseph Biederman, um psiquiatra de Harvard que era a favor do diagnóstico de transtorno bipolar infantil, não quis revelar o quanto recebe da Johnson & Johnson, fabricante do medicamento risperdal (risperidona). O aumento de diagnósticos de TDAH então, fica em outro post.
Outra crítica que Frances levanta é o diagnóstico de síndrome de risco à psicose, em que apenas um quarto dos pacientes realmente desenvolveriam a psicose. Segundo ele, nada impede que novos tratamentos (e medicamentos) sejam criados para lucrar em cima desse “risco”.
(...)
Felipe Epaminondas
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