sexta-feira, 28 de novembro de 2014

ARTE DO ENCONTRO

(...) A incerteza do eu e das crenças básicas  precede o Encontro. Não há clichês. O paciente   não tem forma. Seu desejo não tem forma. Ele age como produção de universos móveis.  Isso é difícil  de aceitar. Como encontrar  o paciente pela via da multiplicidade? Como acessá-lo de um modo diferente do da psiquiatria biológica e farmacológica? Parece quase impossível ou talvez algo delirante para os que estão presos à grade da CID-10. Encontrar o paciente é encontrar a si mesmo. Esta seria uma fórmula estéril se estivesse atada à visão do eu como interioridade psíquica. Contudo, trata-se de outra coisa.Buscamos sair de nós e dos nós mediante uma exposição aos signos do mundo. Trata-se de uma pesquisa de singularizações raras. “Você traz o Novo que me faz ser diferente”. É uma base para o tratamento,são potências a serem descobertas no paciente e no psiquiatra. O paciente,apesar de codificado pela psiquiatria (mesmo que nunca tenha ido a um psiquiatra), funciona  em linhas da diferença que vazam. A forma dada, estática, no fim das contas, é um efeito do poder médico. Isso dificulta uma prática em direção a expressões novas. Sendo assim, o exame da mente para encontrar a mente terá que se transformar numa produção/intuição de multiplicidades. Não mais haveria exame mental porque a “mente” não é algo  visível. E o que seria examinado (ou encontrado)? Devires. Eles compõem processos do desejo e articulam crenças. Deste modo, afetos e crenças desarranjam a máquina dos sintomas-fármacos.
(...)
A.M. in Trair a psiquiatria

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