(...) A incerteza do eu e das crenças básicas precede o Encontro. Não há clichês. O paciente não tem forma. Seu desejo não tem forma. Ele age como produção de universos móveis. Isso é difícil de aceitar. Como encontrar o paciente pela via da multiplicidade? Como acessá-lo de um modo diferente do da psiquiatria biológica e farmacológica? Parece quase impossível ou talvez algo delirante para os que estão presos à grade da CID-10. Encontrar o paciente é encontrar a si mesmo. Esta seria uma fórmula estéril se estivesse atada à visão do eu como interioridade psíquica. Contudo, trata-se de outra coisa.Buscamos sair de nós e dos nós mediante uma exposição aos signos do mundo. Trata-se de uma pesquisa de singularizações raras. “Você traz o Novo que me faz ser diferente”. É uma base para o tratamento,são potências a serem descobertas no paciente e no psiquiatra. O paciente,apesar de codificado pela psiquiatria (mesmo que nunca tenha ido a um psiquiatra), funciona em linhas da diferença que vazam. A forma dada, estática, no fim das contas, é um efeito do poder médico. Isso dificulta uma prática em direção a expressões novas. Sendo assim, o exame da mente para encontrar a mente terá que se transformar numa produção/intuição de multiplicidades. Não mais haveria exame mental porque a “mente” não é algo visível. E o que seria examinado (ou encontrado)? Devires. Eles compõem processos do desejo e articulam crenças. Deste modo, afetos e crenças desarranjam a máquina dos sintomas-fármacos.
(...)
A.M. in Trair a psiquiatria
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