quarta-feira, 26 de novembro de 2014

NEURÔNIOS AFLITOS

A relação psiquiatra-paciente está marcada pela história do poder psiquiátrico  consolidado  no século XX. Nos dias que correm, são muitas as suas  máscaras, muitos os seus disfarces. Existe, por exemplo, a psiquiatria oficial com expressão mercadológica (publicitária, midiática) obtida através das associações da categoria (há muitos sites à respeito), a psiquiatria biológica em sua versão humanista ou a psiquiatria universitária operando pesquisas duplo-cego sob o manto epistemológico apaziguador da ciência "neutra". Essas e outras formações institucionais se nivelam numa crença comum: o paciente é um organismo individual (físico-químico) avariado. Resta ao psiquiatra prescrever remédios à mão cheia. E "consertá-lo". Isso garante ao profissional do "cérebro-mente" uma estabilidade existencial, para não dizer material, um status, um território de poder e uma respeitabilidade científica (?!). Antes da terapêutica adotada, invariavelmente psicofarmacológica, um cientificismo oculto lhe confere a fármaco-verdade. Por isso o ato de medicar se reveste de nuances quase sempre desconhecidas e é aceito, em geral, como benefício inquestionável.

A.M. 

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