RÃ
De qualquer modo, escrevi sobre uma rã que encontrei no jardim, com uma das pernas presa numa cerca de arame. Não podia se soltar. Eu tirei a perna dela da cerca, mas mesmo assim ela não podia se mover. Por isso eu peguei ela no colo e conversei com ela. Disse que eu também estava preso, que minha vida tinha ficado presa em alguma coisa. Conversei com ela durante um longo tempo. Finalmente, a rã saltou do meu colo e saiu saltando pela grama afora, e desapareceu num matagal. E eu disse a mim mesmo que ela era a primeira coisa de que eu já sentira saudade em minha vida.
(...)
Charles Bukowski
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