sexta-feira, 13 de março de 2015

DEVIR-LOUCURA

Os devires são o conteúdo do desejo, a materialidade do real funcionando em conexões. A concepção de Encontro nutre-se desses fluxos. Portanto, antes da técnica, o Encontro. Este pode ser com alguém ou com algo que não se assemelhe aos rostos conhecidos. Se houver a manutenção de identidades caras à psiquiatria, nada de novo acontecerá. É certo que a   psiquiatria tem uma identidade;  precisa disso, vive disso,  do  idêntico a si mesmo. Os devires, ao contrário,  são relações sem forma, sem ponto  fixo de apoio na representação da realidade. Eles são a própria realidade. Atravessam os sintomas psicopatológicos, dando-lhes  um sentido (não um significado) naquilo que acontece ao paciente. Nos quadros graves o sentido parece ficar encoberto pelos sintomas. Por exemplo, o paciente  não fala, não anda, não se alimenta. A demanda por um atendimento, às vezes emergencial, faz  do sentido um significado simples: ele está doente e precisa de ajuda. Esta é a clínica da lógica tradicional parida do modelo biomédico. No entanto, o Sentido emerge do Encontro. Trata-se do devir-loucura, o que excede a linguagem.
(...)
A.M.

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