DEVIR-LOUCURA
Os devires são o conteúdo do desejo, a materialidade do real funcionando em conexões. A concepção de Encontro nutre-se desses fluxos. Portanto, antes da técnica, o Encontro. Este pode ser com alguém ou com algo que não se assemelhe aos rostos conhecidos. Se houver a manutenção de identidades caras à psiquiatria, nada de novo acontecerá. É certo que a psiquiatria tem uma identidade; precisa disso, vive disso, do idêntico a si mesmo. Os devires, ao contrário, são relações sem forma, sem ponto fixo de apoio na representação da realidade. Eles são a própria realidade. Atravessam os sintomas psicopatológicos, dando-lhes um sentido (não um significado) naquilo que acontece ao paciente. Nos quadros graves o sentido parece ficar encoberto pelos sintomas. Por exemplo, o paciente não fala, não anda, não se alimenta. A demanda por um atendimento, às vezes emergencial, faz do sentido um significado simples: ele está doente e precisa de ajuda. Esta é a clínica da lógica tradicional parida do modelo biomédico. No entanto, o Sentido emerge do Encontro. Trata-se do devir-loucura, o que excede a linguagem.
(...)
A.M.
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