POEMA DO AEROPORTO
Que ficou de mim nos quartos de hotel?
No verde quintal da infância?
Nas cidades estrangeiras
testemunhas da solidão?
Ah! a indiferença ofensiva das coisas!
A desmemória natural dos homens!
O ataque ininterrupto do Tempo!
Por que não sou como os marinheiros
que bebem esquecimento?
Antes pertenço
à espécie de pássaros,
que se embriagam de amplidões,
sem que lhes amorteça
o instinto do ninho.
Cassiano Nunes
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