domingo, 15 de maio de 2016

PARA ALÉM AQUI MESMO

Uma psiquiatria materialista é a que "introduz o desejo na produção e a produção no desejo". Tal assertiva deleuze-guattariana implica em se fazer dessa especialidade médica um campo estilhaçado do conhecimento, usando a loucura como referência não médica, não codificada ( o que é isso?) para a produção de uma clínica das multiplicidades. Neste sentido, o saber médico compõe agenciamentos de desejo e discursos, sendo tão só um saber a mais, saber limitado, óbvio, e a depender, útil ou inútil e mesmo danoso à promoção da vida, que no fim das contas é o que interessa à ética da prática. Trata-se de um fio tênue por onde circula a política subjetiva das formas sociais. A psiquiatria torna-se outra coisa que torna-se outra, e assim por diante, em conexões infinitas, mas limitadas ao Encontro com o paciente. Ser psiquiatra é tornar-se louco sem ser louco. Um paradoxo a ser explorado na clínica dos abismos cotidianos.

A.M.

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