quinta-feira, 26 de maio de 2016

POÉTICA NA CABEÇA

(...) Que se passa? Ainda bem: há poesia injetada com agulhas finas. A linguagem desliza: criança, poeta, louco, vidente, artista, a tralha dos sem-eu, todos descem pelo conta-gotas da resposta aos enigmas e sintomas. Não há como se explicar aos cientistas nem aos médicos.O tecido poético cria muito antes da medição dos contornos da hipófise e/ou do hipotálamo. É matriz e argamassa das construções exatas sobre o funcionamento dos neurônios do baixo clero. Assim, precisamos de mais poesia, mais, até saturar os átomos da cabeça pensante. No entanto, o pesquisador acadêmico anuncia o veredicto das horas perdidas em conversas rasas. A Inquisição moderna chamada psiquiatria dirige o condenado às labaredas do inferno das psicoses, dos retardos mentais e das demências irreversíveis. Toca e chupa o horror da patologia, limpa a mesa cirúrgica com estabilizadores do humor.Assim fica fácil destruir subjetividades em nome da ciência. Sem metáfora.
(...)
A.M.

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