segunda-feira, 23 de maio de 2016

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segunda-feira, 23 de maio de 2011: PRIMEIRA POSTAGEM

DEVIRES
    
O paciente vive entristecido pela Grande Máquina.Sua alegria foi aniquilada em plena vigília.Do nada.Ninguém assume a autoria dos pequenos crimes.Eles são administrados em nome da paz de espírito. Ora,o  espírito também caga. Avise  aos últimos palhaços  que a arte foi solapada em nome do ideal dos homens de branco. Ao que me consta, nada mudou no sulco das bocas. Elas falam rachando dentes. Mastigam auroras nati-mortas. Mas o Rosto carrega uma expressão justa, como negar? A bondade natural dos humanos.Ó Lovecraft,socorrei! Apenas uma cidade respirando um arco-íris,manda por favor... Não falo por  mim. Por  mim, ó...Falo pelo que não sou, falo  por devires. Escutai a canção  do mundo... Você  dança? O paciente sucumbe à Ordem. Por favor, o senhor pode me dizer as horas? Já vai  tarde o tempo dos mestres, com todo o respeito. Sonâmbulos da própria dor, como falar aos que não falam? A Grande Máquina é uma  pequena dose de benefícios a  curto e médio prazo. Ela se  insinua na febre dos corredores infectos. Um susto, um sus. Tudo é contágio. Resistir à  morte, e fazer dessa vibração algo novo, será possível? Talvez um devir-amante imerso em trepadas millerianas. Bicho, perdoa o jeito canino: o que é necessário para viver por viver? Pacientes são pacientes demais.Armaduras químicas, lições de casa, manuais de sobrevivência, coisas simples, eles são  normais. Eu queria um gosto de sol em você, em suas dores mais intensas e irremediáveis. Pena que  a sombra dos quintais do passado anuncie sessões de  tortura regadas à dinheiro. A entrega é às oito. Todos estarão  lá, até o chefe da Facção Sinistra, aquele mesmo que começou a seduzir a multidão com truques de falar macio. Não em jeito. Somos inocentes radicais.

A.M.

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