O LUGAR DA PSIQUIATRIA
O lugar da psiquiatria é o não-lugar, o do delírio. Para a psiquiatra biológica isto soa como, no mínimo, irracional. No entanto, num Caps, onde a equipe técnica é a referência da clínica, o psiquiatra materialista (o da produção do desejo ou do desejo como produção) contribue com a “sua” farmacoterapia e óbvio, com uma certa visão da psicopatologia: a loucura (ou o delírio como referência). Isso não é fácil. É que hoje a psicopatologia tende a ser “desprezada” como objeto de pesquisa e substituída por problemas de comportamento, os quais são, segundo as neurociências, basicamnte determinados por alterações cerebrais ( daí o uso de psicofármacos como primeira opção terapêutica). Desse modo, a psiquiatria biológica se apresenta como uma espécie de entrave, negativismo, resistência, obscurantismo a uma "clínica psicossocial”, ou seja, a um Centro de Atenção Psicossocial. Não causa surpresa, ao contrário, o fato do status quo psiquiátrico não ver positivamente o funcionamento de um Caps, nem da luta antimanicomial, nem da reforma psiquiátrica, nem da psiquiatria materialista, nem da clínica da diferença, nem dos devires (o que é isso?) na medida em que a sua hegemonia clínica e institucional é contestada. Trata-se de uma questão política geralmente escamoteada por enfoques técnicos.
A.M.
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