terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

DESCENDO MAIS

Jair Bolsonaro desceu mais um nível em sua narrativa agressiva, e desta vez atingiu dois alvos. A imprensa e as mulheres. Na manhã desta terça-feira, o presidente insultou a jornalista da Folha de S.Paulo, Patrícia Campos Mello, com ironias de insinuação sexual. “Ela [a repórter] queria um furo [uma exclusiva, no jargão jornalístico]. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse, rindo, a um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada, num proposital jogo de palavras que sugere a troca de uma informação por oferta de sexo. A declaração foi em referência ao depoimento falso de Hans River do Rio Nascimento, um ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, dado na semana passada na CPMI das Fake News no Congresso. A Folha desmentiu ponto a ponto todas as declarações de Nascimento no mesmo dia do seu depoimento.
O insulto vem na esteira da crescente escalada do presidente —e seus filhos e seguidores— contra a imprensa. Na semana passada, o deputado federal Eduardo Bolsonaro havia feito mesmo, ao ir ao Twitter insinuar que Campos Mello teria sugerido um encontro sexual em troca do acesso a informações. A publicação foi um gatilho para a disparada de uma campanha difamatória, com mensagens misóginas e até ameaças de bolsonaristas à jornalista nas redes sociais.
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Marina Rossi, El País, São Paulo, 18/02/2020, 12:23 hs

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