sábado, 4 de abril de 2020

COVID E SAÚDE MENTAL - II


O vírus destrói não só o organismo humano, mas tudo o que está em volta: a produção da vida. O que está em volta é a produção social (econômica e semiótica) como o que antecede e determina a vida individual. A pandemia expôs cruamente e cruelmente o nervo da infelicidade subjetiva da modernidade triunfante: o voltar-se para um "mundo interior" quando não há "mundo interior". Há só uma maquinação de ilusões. Tudo está exposto, tudo sempre esteve exposto,e hoje, baseado na arrogância do humanismo cientificista (a ciência quer sempre o bem da humanidade) o discurso planetário do bem estar egóico cai de joelhos frente a um ser (vírus é vida? perguntam os doutos) tão pequenino. O estrago sobre a saúde mental contempla a todos, sejam os pacientes, sejam os que lidam com o paciente. No fim das contas, pacientes e não-pacientes já estão de fato atolados num território de dissolução de sentido. E sem respostas de cura.

A.M. 

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