SOPA DE FÁRMACOS - II
Vale repetir que quando o psiquiatra prescreve remédios, ele não está só. Junto à ele estão os demais técnicos em saúde mental e as forças (instituições) que buscam ordem e controle. Assim, o ato-de-medicar é um ato coletivo, mas que parece individual. Isso não exime o psiquiatra de uma responsabilidade ética e técnica. Ao contrário, coloca-o como agente terminal (juridicamente autorizado) de um agenciamento coletivo que o ultrapassa como técnico, e ao mesmo tempo o "coage" a fazer o que tem que ser feito. Tal perspectiva teórica é condição para se pensar o trabalho de um centro de atenção psicossocial como trabalho de equipe descentrado em relação à figura do psiquiatra. O psiquiatra não é o centro das ações terapêuticas e talvez nem sequer seja importante na condução de alguns casos. Pode até "atrapalhar" caso interfira nos processos subjetivos do paciente e nos seus resultados práticos. Um exemplo simples é o das superdosagens medicamentosas e seus efeitos nocivos aos afetos e efeitos de mudança e resolução de problemas. Confira: esse é o paciente impregnado ou excessivamente sedado. Assim funciona a "sopa de fármacos " que pode se naturalizar como nutriente da dependência aos remédios. Isso é comparável à dependência psíquica do usuário ao serviço. Este se torna um território existencial com um sentido exclusivo. O caps minha vida.
A.M.
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