AFETOS NÔMADES
Os afetos são o que impulsiona os modos de subjetivação (pessoa). Eles funcionam em dobras e misturas subjetivas de toda ordem, ao ponto de alguém dizer: "não sei o que estou sentindo". São fruto das relações humanas e inumanas. A psiquiatria tecnológica, sob a grosseria semiótica habitual no trato com eles, despreza-os, já que não escuta o paciente, ou só escuta atrás de uma grade nosológica. No entanto, o que importa para uma clínica psicopatológica que enfatize a diferença, é que os afetos são inomináveis, por isso mesmo expressão trágica (não comunicável) e extrema (radical) da condição humana. O acesso à existência do outro só se fará, então, por meio da linguagem da arte e da poesia, mesmo que não sejamos artistas ou poetas. Para "chegar" ao paciente,é preciso um devir-outro , um devir-alma, um devir-alegria e inventar linhas de risco ao conteúdo do desejo. Elas funcionam em expansão incessante ao mundo (como na criança) criando-o como território singular. E leve.
A.M.
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