O que é arte em saúde mental?
Como foi dito, a saúde mental não é uma questão médica. É social. A medicina vem depois.
No entanto, o pensamento clinico costuma obedecer a ciência. Que comanda e prescreve.
Por toda a parte, técnicos de "branco", munidos de seringas e ampolas, mesmo que imaginárias, tentam escutar, acolher e cuidar. Tudo funciona a partir dessa consciência ética.
É parte do trabalho da equipe de saúde mental num serviço de atenção psicossocial.
Essa equipe lida com estranhas imagens (induzidas) das ruas: cérebros avariados, sinapses inquietas, neurônios aflitos, doidos varridos. Fantasmas reais assombram a Hora do acolhimento.
O acolhimento é um dispositivo técnico criado na história dos caps. Ele se baseia na ética da recusa à exclusão do paciente vindo dos tempos do manicômio. Tem uma feição de consulta ou triagem. Mas não é.
Daí, a questão da arte passa a ser hoje a escuta como miolo do acolhimento. Tal manejo só é possível se o técnico se separar do pensamento racional em direção ao pensamento da arte.
O pensamento da arte é um pensar livre.
O pensamento das sensações.
E nem é preciso que o técnico seja um artista. Basta que ele "viaje" (pelo menos na hora do encontro) do pensamento da ciência para o pensamento da arte: uma linha de criação se esboça como clínica do Novo.
Trata-se de uma sensibilidade, ou melhor, de mil sensibilidades vividas a partir das sensações que o paciente produz em nós.
A arte em saúde mental implica, pois, numa visão da clinica para além de toda moral julgadora.E de toda idolatria à ciência.
Experimente.
Escutar é arte, acolher é arte, cuidar é arte.
A.M.
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