quinta-feira, 24 de março de 2022

Poema sobre a recusa


Como é possível perder-te

sem nunca te ter achado

nem na polpa dos meus dedos

se ter formado o afago

sem termos sido a cidade

nem termos rasgado pedras

sem descobrirmos a cor

nem o interior da erva.


Como é possível perder-te

sem nunca te ter achado

minha raiva de ternura

meu ódio de conhecer-te

minha alegria profunda.


Maria Teresa Horta

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