quinta-feira, 21 de julho de 2022

Como identificar o fascismo? parte 4

Há 100 anos (Itália, 1922)  nascia o fascismo de Mussolini.Ao seguir na história, esse movimento político inspirou outros regimes e plagas (Alemanha, Portugal, Espanha, etc) tornando-se referência até para a dita esquerda. No entanto, à medida em que a sociedade industrial avança , e com ela a tecnologia da imagem, o fascismo se fez diferenciar do totalitarismo. Para obter a dominação e o controle de milhões, formas sociais (instituições) passaram a utilizar métodos com micro-efeitos nas populações, no que Félix Guattari chama de microfascismos. Sem esse nível de “persuasão mental” o controle dos corpos e mentes se revelaria ineficaz. Dominar de modo explícito cede lugar ao controle sobre sujeitos sem que estes saibam que estão sendo controlados e mais, que gostem de ser controlados. Óbvio que dominar “por dentro” sempre existiu, ainda que  pelo terror induzido na mente dos supliciados. Mas falamos de outra coisa. 100 anos de fascismo foram suficientes para a produção em série (escala planetária) de pessoas humanas que adotam o capital com ponto hegemônico de subjetivação e desejem isso não só para si mas para todos, ou seja, para o restante da população mundial. Um processo “natural” é induzido por agências de controle, mormente os Estados nacionais e o grande sistema internético com suas mídias afiadas num plantão ad aeternum. Não falar de fascismo?  Sim, pois é difícil identificá-lo no coração das pessoas de bem. Se este sentimento de “viva a morte” se instaura e age à revelia do seu portador, a possibilidade de auto-eliminação existencial surge como pressuposto subjetivo. “Que eu morra, mas que permaneçam os valores em que acredito”. Tal é o refrão macabro (inconsciente) do cidadão comum para guerras modernas promovidas pelo Estado. Uma linha suicidária passa a ser o dado natural da vida. Morrer pela pátria equivale a morrer pela família, pela escola, pela religião, pela medicina,  por todas as formas sociais, enfim, de transcendências ( o além da vida).  Isso credita e legitima a existência das sociedades sempre regidas pelo capital, este não só como categoria de lucro econômico, mas como fábrica de imagens para um gozo paranóico. O sentimento fascista se interiorizou a um ponto tal que terá deixado de existir? Estaremos num universo linguístico de redundâncias? Na linha de montagem da subjetividade, parece irreal e fantasioso o parto de um outro mundo no interior deste. É proibido pensar.

A.M.


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