sexta-feira, 5 de abril de 2013


Refém

Eu sempre quis requebrar 
só me faltou poesia 
eu nunca soube rimar 
mas sempre tive ousadia 
nunca joguei o destino 
e nem matei a família 
a minha sorte na vida 
se escreve com C cedilha 
Eu nunca tive ideal 
nunca avancei o sinal 
nem profanei minha filha 
Eu me perdi muito além 
sendo meu próprio refém 
na solidão de uma ilha 

Eu sempre quis acertar 
só me faltou pontaria 
eu nunca soube cantar 
mas sempre tive mania 
nunca brinquei carnaval 
e nem saí da folia 
nunca pulei a fogueira 
e nem dancei a quadrilha 
Eu nunca amei a ninguém 
nunca devi um vintém 
nem encontrei minha trilha 
Eu me perdi muito além 
sendo meu próprio refém 
na solidão de uma ilha

Cacaso 

Um comentário:

  1. Muito linda essa poesia, me passou uma sensação de que o autor tem uma busca imensa consigo mesmo. me lembrou a seginte frase: "Tenho para a minha vida a busca como medida. O encontro como ponto de chegada. E como ponto de partida" (Sérgio Ricardo, Roda Viva, 1976).
    Ou como disse Camille Claudell: "Há sempre algo de ausente que me atormenta". Simone Andrade Teixeira.
    Estou me deliciando com este blog. Parabéns ao organizador.

    ResponderExcluir