LOUCURA COMO OPERADOR A-SIGNIFICANTE
(...) A saúde não é assunto só da medicina, muito menos a saúde mental. Não é possível falar de uma saúde mental oficial. Não há decreto para o conceito, porque não há o conceito e sim conceitos criados sob contingências sociais e políticas. O conceito oficial de saúde mental é uma instituição, modelo abstrato de intervir sobre o outro, o paciente. Assim, a saúde mental deixa de ser um processo para se tornar um aparelho. Trabalhar a partir da experiência do paciente, mormente na psicose, requer do técnico ir“além” desse aparelho. Este não dá conta da complexidade das crenças e dos afetos. Daí, usamos a loucura como uma espécie de não-conceito, campo de intensidades fluidas. Ele segue o fluxo dos devires, empurra e isola a saúde mental para o campo da repetição serial do diagnóstico positivista. Enfim, libera um espaço de criação e redefine o propósito de encontrar o paciente e não o de examiná-lo. Sabemos que isso é difícil pois a saúde mental opera num regime binário de significação: normais ou doentes. É uma marca de poder.
(...)
A.M.
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