sexta-feira, 12 de julho de 2013

LOUCURA COMO OPERADOR A-SIGNIFICANTE

(...) A saúde não é assunto da medicina, muito menos a saúde mental. Não é possível falar de uma saúde mental oficial. Não há decreto para o conceito, porque não  há o conceito e sim conceitos  criados sob contingências  sociais e políticas. O conceito  oficial de saúde mental é  uma instituição, modelo abstrato de intervir sobre o outro, o paciente. Assim, a saúde mental   deixa de ser um processo para se tornar  um aparelho. Trabalhar a partir da experiência do paciente, mormente na psicose, requer do técnico ir“além” desse aparelho. Este não dá conta da complexidade das  crenças e dos afetos. Daí, usamos a loucura como uma espécie de não-conceito, campo de intensidades fluidas. Ele  segue o fluxo dos devires, empurra e isola a saúde mental para o campo da repetição serial do diagnóstico positivista. Enfim,  libera um espaço de criação  e redefine o propósito de encontrar o paciente e não o de examiná-lo. Sabemos que  isso é difícil pois a  saúde mental opera num regime binário de significação: normais  ou  doentes. É uma marca de poder.  
(...)
A.M.

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