Vivo nas estrelas porque é lá que brilha a minha alma.
Manuel Bandeira
Este blog busca problematizar a Realidade mediante a expressão de linhas múltiplas e signos dispersos.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
SEMPRE
A imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o País. Acho que uma das grandes culpadas das condições do País, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime
Millôr Fernandes
FORA DOS TRILHOS
Toda a minha vida não passa de conflitos. E se não há conflitos por aí, ora, invento um, num piscar de olhos. Ontem eu disse que não estava mais amando? Estou mais apaixonado hoje do que nunca. Tudo voltou… […] Ela é tão jovem, tão bonita e tão triste que eu seria capaz de chorar. Esse é meu sentimento. […] Em seu mundo, todos penduram um Picasso em um local de destaque. Então está muito bem, por ela eu também penduraria um Picasso em um local de destaque. Como meu conhecimento da decadência do modernismo e a loucura cega do progressivismo como um estado de ânimo, uma rebelião estúpida e óbvia contra ressentimentos imaginários, medida contra meu amor por uma garota de 50 quilos? O que importa se eu alcancei grandes verdade sociais & espirituais na solidão do meu quarto e em meu livro enorme e em anos de meditação cuidadosa e compreensão psicológica - o que é minha arte? Meu conhecimento? Minha poesia? Minha ciência? - comparado a seus pezinhos? Sim, sim, sim, acabei de notar a “ondulação de seus dedinhos”. O velho Dimitri, já falei? Aqui não sou Dimitri, sou maior que Dimitri, porque sou o pai de Dimitri, o próprio pai Karamazov. Sou eu desperdiçando fortunas e o amor dos filhos por uma garota - e olhando com ansiedade da janela de minha miséria esperando por ela. Picasso… eu gostaria mesmo de pendurar Ticiano e Grant Wood. Paris… o que quero mesmo ver é Montana. O balé… são os filmes que passam a noite inteira na Times-Square que quero ver. Mozart… O que quero mesmo ouvir é Allen Eager. Mas por ela eu usaria um cavanhaque e fingiria ser um gênio literário, e faria observações proustianas, e seria, é óbvio, sensível."
Jack Kerouac
A FORÇA MAIOR
No meio das trevas, sorrio à vida, como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o mal e a tristeza em claridade e em felicidade. Então, procuro uma razão para esta alegria, não a acho e não posso deixar de rir de mim mesma. Creio que a própria vida é o único segredo.
Rosa Luxemburgo
CÓCEGAS NOS PODERES
O uso simplista, comercial e a-crítico dos psicofármacos tende a laminar as expressões da subjetividade (multiplicidade-alegria) do paciente e, como consequência, o auto-embrutecimento do psiquiatria e dos seus sequazes mais próximos. Isso não é notado, claro, ou melhor, isso está ocultado pelo pseudo-saber doutoral e configurado nos afetos modernos, guiados que são pelo consumo imperioso e gozoso da população em geral. A microfísica do poder, a ordem do discurso, a análise do desejo, as relações institucionais, as denegações cotidianas, o humanismo crônico e cínico, etc, são conceitos explorados por vezes com afinco, seriedade e precisão metodológica. No entanto, sob a égide do capital, ficam restritos a agradáveis jogos intelectuais no palco da universidade, o templo da Verdade revelada.
A.M.
ANARQUISMO PROUDHONIANO
Ser governado significa ser observado, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, cercado, doutrinado, admoestado, controlado, avaliado, censurado, comandado; e por criaturas que para isso não tem o direito, nem a sabedoria, nem a virtude... Ser governado significa que todo movimento, operação ou transação que realizamos é anotada, registrada, catalogado em censos, taxada, selada, avaliada monetariamente, patenteada, licenciada, autorizada, recomendada ou desaconselhada, frustrada, reformada, endireitada, corrigida. Submeter-se ao governo significa consentir em ser tributado, treinado, redimido, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; tudo isso em nome da utilidade pública e do bem comum. Então, ao primeiro sinal de resistência, à primeira palavra de protesto, somos reprimidos, multados, desprezados, humilhados, perseguidos, empurrados, espancados, garroteados, aprisionados, fuzilados, metralhados, julgados, sentenciados, deportados, sacrificados, vendidos, traídos e, para completar, ridicularizados, escarnecidos, ultrajados e desonrados. Isso é o governo, essa é a sua justiça e sua moralidade! ... Oh personalidade humana! Como pudeste te curvar à tamanha sujeição durante sessenta séculos?
Pierre-Joseph Proudhon
Manifestantes protestam contra aumento de passagem no Rio
Manifestantes protestaram, na Central do Brasil, contra o aumento no preço das passagens dos transportes públicos no Rio de Janeiro – ônibus, trens, barcas e metrô - previsto para entrar em vigor em fevereiro.
O grupo fez um cordão humano ao longo das catracas da estação e pediu aos usuários para pularem as roletas e acessar as plataformas de embarque dos trens.
Com cartazes, os manifestantes cobram transportes de “Padrão Fifa” e gritam “Pula, que é de graça”. Alguns usam máscaras.
Alguns passageiros estão pulando as catracas, como a coordenadora de vendas Kelly Cristina Taguaragibe, que disse estar “indo à forra”. “Pulo mesmo, pois é um absurdo esse aumento. Essa passagem deveria custar R$ 1, pelo serviço que prestam”, disse Kelly.
Segundo ela, “o ar-condicionado dos trens vive quebrado, a gente vem sacolejando em pé, apertada e demora duas horas em uma viagem, que deveria durar 40 minutos”.
(...)
Flávia Vilela - Agência Brasil
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
Manuel Bandeira
VALOR DO TRABALHO
(...) E aqui temos um gancho para nos perguntar porque Deleuze afirmou que Guatarri e ele “continuam ambos marxistas” (DELEUZE, 2008:212). O Marx que interessa a Deleuze e a Guatarri é, em primeiro lugar, aquele que afirma o trabalho como o que há de fundamental no homem, mas um trabalho concebido de maneira exatamente contrária à dimensão que ele assume no capitalismo. A plenitude do trabalho é concebida por Marx como ‘trabalho vivo’, e aí Marx também pensa o ser numa dimensão autopoiética: autoinventiva. Isto quer dizer que ao colocar o trabalho no centro do seu pensamento, Marx concebe este como uma atividade produtora da própria vida; ou pelo menos uma atividade que assim deveria ser.
(...)
Rodrigo Guéron in Anticapitalismo e Ativismo político
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
SOBRE O DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO
O diagnóstico psiquiátrico, para ser efetivo no tratamento, necessita ser contextualizado. Isto significa considerar o paciente como uma multiplicidade de linhas-forças que se expressa como sendo a identidade-doença. Isso é o paciente , quando se diz "está doente". Ora, o doente é tudo que envolve em si mesmo linhas visíveis e invisíveis vindo de fora da fronteira do organismo físico-químico e que com ele se mistura, passando a impressão de que o corpo é o organismo e que ele está radicalmente separado do universo. Mas, não é, e nem está. O corpo é em grande parte invisível, o corpo são os afetos e neste sentido, todo ele é e só pode ser (daí a redundância) afetado por fluxos múltiplos, variando tão só os graus de intensidade: elevação de potências realizadoras de si ou rebaixamento dessas mesmas potências no rumo da destruição explícita ou implícita da vida. De tudo, reafirmo a hipótese de que o Diagnóstico Psiquiátrico poderá ser útil apenas se contextualizado. Do contrário, ele faz do paciente um objeto sólido manipulável segundo os radicais químicos mais modernos ou às psico-opiniões avançadas e autorizadas por formas técnico-profissionais juridicamente reconhecidas.
A.M.
Descobri outro dia que a gente só se mata por causa dos outros, para fazer efeito, dar reação, compreende? Se não houvesse ninguém em volta para sentir piedade, remorso e etc. e tal, a gente não se matava nunca. Então descobri um jeito ótimo, me matar e continuar vivendo. Largo meus sapatos e minha roupa na beira do rio, mando cartas e desapareço.
Lygia Fagundes Telles
O MUNDO DOENTE
Tisteza não é o mesmo que depressão ou melancolia, termos clínicos que acompanham a psiquiatria,a psicanálise e outras técnicas psi. É certo que a tristeza é algo desagradável, mas mesmo tal addjetivação é discutível. É que os afetos são ambíguos por sua propria natureza de afeto. Mais: a experiência clínica mostra que os afetos são melhor captados como múltiplos, como multiplicidades irreduttíveis a uma definição banal."O que você está sentindo?". "Não sei". Daí a necessidade essencial da escuta não-médica. A psicanálise até que tenta, mas acaba atolada no lodaçal edipiano. "Odeio minha mãe". Então, qual escuta? Ora, o ato da escuta está acoplado ao ato do Encontro com a loucura encarnada no dito louco, mesmo que ele não seja um louco. Desse modo, escutar é escutar o que é louco, estranho, fora das formas humanans e ao mesmo tempo no interior de experiências subjetivas de auto e hetero destruição. Isso dá trabalho, exige tempo, sensibilidade, intuição, pecepção fina e outras qualidades sequer sonhadas, mas praticadas no cotidiano das sensações de estar vivo.Voltando ao começo, tristeza não é depressão mas pode se tornar se o mundo se tornar. Será que isso está acontecendo?
A.M.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Boate Kiss: 242 mortos, um ano, nenhum condenado
Em algumas horas, os escombros e os relatos dos sobreviventes da boate Kiss conduziam a uma constatação inevitável: a morte de uma centena de jovens durante a madrugada – e as que, lamentavelmente, viriam em seguida – não foi uma fatalidade.
Erros em sequência, negligência e omissão do poder público convergiram para que uma casa noturna de grande movimento operasse por tanto tempo com superlotação, sem área de escape, com materiais inadequados e uma atividade de alto risco, como é o uso de fogos de artifício em ambientes fechados.
Os sinais de que a catástrofe foi construída pela mão do homem se confirmaram, e ganharam tons dramáticos, quando foi comprovada a causa da morte de grande parte das vítimas, o envenenamento por gás cianídrico – o cianeto, o mesmo usado nas câmaras de gás nazistas.
(...)
Fonte: Veja
domingo, 26 de janeiro de 2014
PSICOPATIA E PSICOSE
(...) Como dito acima, a psicopatia se aproxima da psicose por causa do problema do eu. O eu é atingido na psicose e se quebra, retirando do paciente a capacidade de autonomia e de se instalar num universo simbólico, que é o próprio mundo social. No psicopata, não. Ele costuma estar integrado (às vezes até promovido) às relações interpessoais pois o eu é mantido às custas de profundas identificações com as linhas de sociabilidade, entre elas o próprio eu. Curiosa redundância essa do psicopata. Identificar-se consigo mesmo. Ora, o eu não é uniforme, não tem uma forma única e imutável. Ele é tão apenas um “precipitado de identificações” como figuras que representam linhas institucionais. Desse modo, pode-se afirmar que o eu é fragmentado como característica inerente à natureza da sua própria formação. O esforço, se é que assim podemos dizer, do psicopata, é o de tentar unificar o eu em torno de alguma transcendência que pode ser a Religião entre tantas outras. O eu é uma ficção, mas uma “ficção real” que solda os elementos psíquicos em torno de um caráter assumindo o comando das ações. No entanto, a fronteira clínica entre a psicopatia e a psicose pode se tornar muito tênue no momento em que o eu for esvaziado das instituições que o preenchem em ações pragmáticas e cognitivas. Ressoa sem parar a pergunta “Quem sou?” com respostas imediatas e automáticas. Mas isso pode rachar. No caso religioso, o desmoronamento é devastador, podendo emergir formas clínicas de psicoses com forte teor paranóide. A crença religiosa talvez seja a maior das crenças porque opera com valores absolutos. Daí a sua “tendência” ao delírio paranóide, oscilando entre os pólos de hetero-perseguição (“você é um ímpio e por isso será castigado) e auto-perseguição (“querem me pegar porque sou um crente e praticante da Bíblia”).Esta é uma bipolaridade que atravessa o pensamento ocidental, marcado pelo ideário judaico-cristão. Mas, não discutiremos esse viés histórico-antropológico, permanecendo na clínica, que é o Encontro com o paciente e as possibilidades de trabalhar modos de subjetivação fora das linhas estabelecidas pelas instituições repressivas.
(...)
A.M. (trecho de artigo em elaboração)
AS DILMAS
Ir à Suíça para dizer como está o Brasil de hoje, isso não faz sentido. Dilma Rousseff choveu, não no molhado, mas em uma inundação digna de São Paulo. Os endinheirados a quem a presidente pediu investimentos ocupam-se de ganhar dinheiro pelo mundo afora, o que lhes exige, e aos seus assessores, estar bem informados para detectar oportunidades. No convescote dos cifrões, mal denominado Fórum Econômico Mundial, por certo muitos sabiam sobre o Brasil o que nem no Brasil se sabe.
A Dilma Rousseff que foi a Davos não é a Dilma Rousseff que chegou à Presidência. Não é o oposto, mas é bastante diferente. Se nos princípios ou nos fins, eis a questão. Fernando Henrique e Lula, mal ouviram falar em Davos e seu pessoal, começaram a preparar as malas. A ida de Dilma, só agora no ano final do mandato, reflete dupla concessão. Uma, na concepção de políticas governamentais que a levavam a desconsiderar Davos, convicta de um Brasil capaz de cuidar de si mesmo. Outra, no seu diagnóstico do momento vivido pelo país e, em particular, pelo governo.
O capital estrangeiro -os cifrões de Davos- não precisa ser buscado. Grandes indústrias automobilísticas não param de vir para cá, e as já instaladas não cessam novos investimentos para crescer. Indústria e comércio de alimentos, agronegócio, aquisições fundiárias, exploração e indústria petrolíferas, as concessões/privatizações, são muitos os setores que têm merecido a procura espontânea do capital estrangeiro. O problema é que grande parte desse investimento não se destina à criação de novas atividades econômicas, ou seja, ao crescimento econômico, mas a assumir o controle acionário ou a propriedade de empreendimentos já ativos. É a chamada desnacionalização.
O capital graúdo não é considerado, em geral, o grande disseminador do crescimento econômico. Este vem pela multiplicação dos empreendimentos, mesmo os pequenos, e pelo reinvestimento do lucro, para ampliação do negócio. O dinheiro para empreender, porém, é muito caro no Brasil, com a tradição crescentemente escorchante praticada pelo sistema bancário. Além das exigências de garantias, dos prazos insuficientes e outras dificuldades.
E o reinvestimento na indústria nacional já consolidada, ah, esse tem um adversário terrível: o próprio empresário. Como regra natural, lerdo, retardatário, incapaz de inovação, pedinte permanente de benesses do governo, esse empresário trata de investir o lucro é em si mesmo: moradia nova, carro de luxo, e todo o necessário ao exibicionismo de mais um novo rico. O empresário brasileiro é, em geral, um atrasado -como pessoa e como dirigente de empresa.
Mudar essa realidade interna era um objetivo implícito nas palavras e na ação da Dilma Rousseff que assumiu a Presidência. Bem, quanto à atual, ceder aos interesses de aumento dos juros já era estar no caminho para Davos.
Janio de Freitas, Folha de S. Paulo
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de Andrade
Guerras na África voltam a recrutar crianças
Unicef calcula que há mais de 6 mil lutando na República Centro-Africana
Meninos empunham armas num campo de treinamento militar perto da cidade de Bunia, na República Democrática do Congo (RDC), na África: as crianças-soldados são um dos maiores dramas dos conflitos no continente
Foto: Jacky Naegelen / REUTERS/Jacky Naegelen
Meninos empunham armas num campo de treinamento militar perto da cidade de Bunia, na República Democrática do Congo (RDC), na África: as crianças-soldados são um dos maiores dramas dos conflitos no continente Jacky Naegelen / REUTERS/Jacky Naegelen
Não importa a origem do conflito armado, seja religioso, econômico ou político, em quase todos — segundo a ONU — se comete o mesmo crime: o recrutamento de crianças como soldados. O recrudescimento das guerras na República Centro-Africana e no Sudão do Sul revelou que tanto os grupos rebeldes como as milícias pró-governo usam meninos como combatentes e meninas como escravas sexuais.
Organismos internacionais como o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e a Anistia Internacional calculam que há hoje cerca de 20 países onde crianças são sistematicamente recrutadas para serem soldados. Eles se concentram na África e na Ásia — a exceção é a Colômbia. No total, o número de menores de idade participando de guerras é estimado em 300 mil.
No caso do conflito centro-africano, o Unicef calcula que mais de seis mil meninos já tenham sido recrutados. Nesse país, os bandos em disputa são a coalizão rebelde Seleka, integrada principalmente por muçulmanos, e as milícias de autodefesa cristãs chamadas Antibalaka (antifacões em sango, a língua local).
Carmen Molina Muñoz, diretora de cooperação e emergências do Unicef na Espanha, afirma que na RCA não há controle populacional, o que faz com que a cifra de menores combatentes possa ser ainda maior:
— Neste país existe um Estado falido, e isso facilita que os múltiplos grupos armados recrutem crianças sem controle.
Entre esses grupos, o Unicef identificou o Exército de Resistência do Senhor, a Convenção de Patriotas para a Justiça e a Paz Fundamental, a União das Forças Democráticas para a Unidade, estas últimas integrantes da coalizão Seleka.
A forma de recrutar as crianças é similar à de quase todos os conflitos: são sequestrados em suas escolas ou aldeias. Entretanto, há casos de menores que se voluntariam, ou acreditando que podem sair da extrema pobreza ou vingar a morte de algum parente.
O Unicef informou que, na semana passada, foram liberados em Bangui, capital da República Centro-Africana, 23 adolescentes de entre 14 e 17 anos que haviam sido recrutados por grupos armados. Seis deles eram meninas.
Desde maio de 2013, o Unicef e seus aliados liberaram 229 menores de idade vinculados às forças rebeldes ou milícias da RCA.
Fonte: Juan Carlos Bow, O Globo
Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim; depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas; depois de ter inundado os fossos com água envenenada; depois de ter edificado minha casa num rochedo inacessível aos afagos e ao medo; depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo a meus amores; depois de ter esquecido meu nome e o nome da minha terra natal; depois de me ter condenado a perpétua espera e a solidão perpétua, ouvi contra as pedras de meu calabouço de silogismos a investida húmida, terna, insistente, da Primavera.
Octavio Paz
sábado, 25 de janeiro de 2014
MICHEL ONFRAY
MENTIRAS DIVINAS
Em um tempo em que a religiosidade está em alta, surpreende o livro que se encontra no topo da lista dos mais vendidos na França desde o mês passado, à frente até das biografias de João Paulo II: Tratado de Ateologia. Escrita pelo filósofo mais popular da França na atualidade, Michel Onfray, de 46 anos, a obra é um ataque pesado ao que o autor classifica como "os três grandes monoteísmos". Segundo Onfray, por trás do discurso pacifista e amoroso, o cristianismo, o islamismo e o judaísmo pregam na verdade a destruição de tudo o que represente liberdade e prazer: "Odeiam o corpo, os desejos, a sexualidade, as mulheres, a inteligência e todos os livros, exceto um". Essas religiões, afirma o filósofo, exaltam a submissão, a castidade, a fé cega e conformista em nome de um paraíso fictício depois da morte.
(...)
André Fontenelle (introdução à entrevista com o pensador em 25.05.2005)
Em São Paulo, após caminhada pacífica, protestantes depredam ônibus e quebram vidraças; polícia usa gás lacrimogênio
Após três horas de caminhada pacífica, a manifestação contra a Copa tem ônibus depredado, vidraças de bancos e portarias de prédios quebradas e vitrine de concessionária estilhaçada. Na rua Augusta, a Tropa de Choque dispara bombas de efeito moral e balas de borracha.
Na correria, alguns manifestantes tentaram entrar no hotel Linson, onde acabaram sendo detidos. Onze foram presos.
A manifestação, que reuniu cerca de 1500, pessoas começou às 17h deste sábado (25). Os manifestantes saíram do vão do Masp e tomaram a avenida Paulista em protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. O ato foi encabeçado pelo movimento Black Bloc.
(...)
Fonte: Último Segundo
Lugar sem comportamento é o coração.
Ando em vias de ser compartilhado.
Ajeito as nuvens no olho.
A luz das horas me desproporciona.
Sou qualquer coisa judiada de ventos.
Meu fanal e um poente com andorinhas.
Desenvolvo meu ser até encostar na pedra.
Repousa uma garoa sobre a noite.
Aceito no meu fado o escurecer.
No fim da treva uma coruja entrava.
Manoel de Barros
REIS DE COPAS
O cérebro é o CÉREBRO. Ele é o centro porque não tem centro e por isso é preciso ter um. Daí, numa sequência político-moral-social-virtual irrefreável, ele MENTE dizendo ser a mente, dizendo-se MENTE e que só ele (ou ela, tanto faz) comanda, ordena, decide,.afinal, goleia, pois detém os mecanismos essenciais para fazê-lo. Ora, há só um mecanismo essencial: o poder. Pululam, então, os disfarces em humanismos, bons costumes, cultos ao lazer, idolatrias verde-e-amarelas, enfim, o Ogro chamado mercado. Assim, o enunciado "NÃO HAVERÁ COPA" soa como insano,anti-patriótico,etc, e que por isso mesmo merece ser ouvido com atenção e paixão. Antes da bola rolar...
A.M.
O ASSINALADO
Tu és o louco da imortal loucura;
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma desventura extrema;
Faz que tu'alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o poeta, o grande assinalado;
Que povoas o mundo despovoado
De belezas eternas, pouco á pouco.
Na natureza prodigiosa e rica,
Toda a audácia dos nervos justifica,
Os teus espasmos imortais de louco.
Cruz e Souza
MPF aciona ex-presidente do BNB e mais 10 por rombo de R$ 1,2 bilhão. Desfalque foi provocado após autorização de empréstimos realizados e não cobrados
O Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE) denunciou o ex-presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Roberto Smith, atual secretário de Desenvolvimento do governo estadual, e mais dez dirigentes da instituição financeira pela prática de gestão fraudulenta.
Segundo a denúncia do procurador da República Edmac Trigueiro, os ex-gestores praticaram irregularidades na administração dos recursos do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE), provocando um desfalque superior a R$ 1,2 bilhão.
O rombo aconteceu do começo dos anos 80 até 2008. Smith presidiu o banco entre 2003 e 2008.
No período foram autorizados pelo menos 52 mil empréstimos, dentre eles repasses milionários a empresários. Uma vez consumados, os empréstimos não eram cobrados.
Entre os denunciados estão João Alves de Melo, atual secretário da Controladoria do governo do Ceará; Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, ligado ao governador Jaques Wagner (PT), da Bahia; e Luiz Carlos Everton de Farias, ligado ao senador Wellington Dias (PT-PI).
Relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou a existência de clientes com dezenas e até centenas de operações baixadas em prejuízo, sem que tenha sido feita ação de cobrança judicial por parte do BNB, em detrimento das normas do banco.
De 55.051 operações auditadas, somente 2.385 possuíam Autorização de Cobrança Judicial (ACJ).
Na ação penal ajuizada, o MPF pede ao TCU um laudo pericial que especifique o montante que estaria perdido dos cofres públicos devido à prescrição de possibilidade do banco exigir judicialmente o crédito.
"Em alguns casos, o dinheiro pode não ser mais recuperado. A dívida não some, mas o banco não pode mais cobrar judicialmente o valor devido", explica o procurar Edmac Trigueiro.
O MPF, segundo sua assessoria de imprensa, ainda investiga se há relação entre os inadimplentes beneficiários dos empréstimos com os gestores do BNB réus na ação.
Valor total envolvido: R$ 1.274.095.377,97
Os demais denunciados: Luiz Henrique Mascarenhas Correia Silva; Oswaldo Serrano de Oliveira; Pedro Rafael Lapa; João Francisco de Freitas Peixoto; Jefferson Cavalcante Albuquerque; José Andrade Costa; e Dimas Tadeu Fernandes Madeira.
Fonte: Ricardo Noblat, 24.01.2014
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
O DSM se alterou devido, muito mais, à questões meramente políticas, do que científicas.
O DSM, manual que os psiquiatras utilizam para diagnosticar pacientes, não oferece meios concretos para uma constatação objetiva e rigorosa. Diagnosticar alguém, em psiquiatria, envolve critérios subjetivos. Não há qualquer exame biológico que possa demonstrar a existência da imensa maioria dos transtornos do DSM – que, a cada versão lançada, acrescenta novas doenças. Patologizamos comportamentos sociais e culturais. Além disso, estigmatizamos as pessoas. O que é estigmatizar? É tomar a parte pelo todo. É classificar alguém de acordo com sua “doença” ou “transtorno”, como se fosse apenas isso. As pessoas, diagnosticadas por algum transtorno psiquiátrico, costumam dizer: tenho transtorno bipolar, depressão, ou TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). À partir disso, o mundo e os outros, acaba por incapacitar o indivíduo, como um todo, simplesmente por ser “depressivo” ou “bipolar”. Mas, espere um pouco… E para além disso? Quem é o “bipolar” para além de sua “doença” (se é que ela existe)? Existe alguém para além do diagnóstico? Certamente!
(...)
Extraído do blog "Pensar além"
MÁQUINA SOCIAL
A perplexidade do moço diante de certas considerações tão ingênuas, a mesma perplexidade que um dia senti. Depois, com o passar do tempo, a metamorfose na maquinazinha social azeitada pelo hábito de rir sem vontade, de falar sem vontade, de chorar sem vontade, de falar sem vontade, de fazer amor sem vontade... O homem adaptável, ideal. Quanto mais for se apoltronando, mais há de convir aos outros, tão cômodo, tão portátil. Comunicação total, mimetismo: entra numa sala azul, fica azul, numa vermelha vermelho. Um dia se olha no espelho, de que cor eu sou? Tarde demais para sair pela porta afora.
Lygia Fagundes
O EU PERDIDO
Porque escrever significa revelar-se em excesso, a máxima revelação e entrega de si mesmo, na qual um ser humano, ao estar envolvido com outros, sentiria estar perdendo-se de si, e da qual, assim, ele sempre irá recuar enquanto estiver em seu juízo perfeito. É por isso que nunca se está sozinho o suficiente quando se escreve, nunca haverá silêncio o suficiente quando se escreve, nem a noite é noite o bastante.
Franz Kafka
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
A rotina da homofobia no Brasil
A morte do adolescente gay Kaique Augusto Batista dos Santos, encontrado com hematomas na cabeça, sem vários dentes e uma grande ferida na perna, sob um viaduto da Nove de Julho, na região central de São Paulo, acordou mais uma vez o fantasma da homofobia no Brasil.
A polícia registrou o caso como suicídio, mas a família do menino apontou que ele foi torturado e que seria um outro caso com um protagonista negro, pobre e homossexual que não consegue justiça. A Polícia Civil afirma ter 99% de convicção de que o menino se jogou da ponte e a mãe acaba de aceitar a versão policial. Mesmo assim o episódio foi álcool sobre uma ferida aberta.
A morte de Kaique mobilizou centenas de pessoas nas redes sociais que convocaram uma manifestação no Largo do Arouche, referente das noitadas gays e trans em São Paulo, e abriu o debate sobre a homofobia e a transfobia no Brasil.
(...)
Fonte: El País
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
O MUNDO É UMA PRISÃO - DIYARBAKIR
CONTÁGIO
(...) Aos que vierem, usem a vida como estimulante. No entanto, figuras empoladas pronunciam discursos doutos. Nada da expressão do desejo.Nada mesmo, exceto o rumor das montanhas de marte. Que fazer? O círculo é estreito, a rede é fina, o Controle é (quase) completo. Resta o pensamento: caminhar veloz, voar, conectar aliados insuspeitos, brincar com o peso do diagnóstico. Poe. A loucura não tem diagnóstico. Os loucos circulam soltos, mesmo prisioneiros. A sociedade industrial imprimu no corpo dos súditos a marca da psiquiatria bio e lógica. Por isso esconde o segredo das origens. Não há origem. A genética é uma flor pútrida fabricada em laboratórios de agulhas finas.Todos se contagiam...A universidade desfila em camarotes e doutores de empáfia rota . Ela administra carícias no eu inchado.
A.M.
NÃO DEIXARÃO VOCÊ EXPERIMENTAR NO SEU CANTO
(...) Não há necessidade de ficção científica para se conceber um mecanismo de controle que dê, a cada instante, a posição de um elemento em espaço aberto, animal numa reserva, homem numa empresa (coleira eletrônica). Félix Guattari imaginou uma cidade onde cada um pudesse deixar seu apartamento, sua rua, seu bairro, graças a um cartão eletrônico (dividual) que abriria as barreiras; mas o cartão poderia também ser recusado em tal dia, ou entre tal e tal hora; o que conta não é a barreira, mas o computador que detecta a posição de cada um, lícita ou ilícita, e opera uma modulação universal.
(...)
G. Deleuze in A sociedade de controle
Operação flagra trabalho infantil e análogo à escravidão em SP
Uma força-tarefa formada por mais de 100 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), auditores do Ministério do Trabalho, juízes e promotores do Ministério Público deflagrou na manhã desta terça-feira uma grande operação contra irregularidades em carvoarias na região de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, que incluem trabalho infantil e análogo à escravidão, desmatamento ilegal de mata nativa e construção de fornos em áreas de risco (em alguns casos, ao lado de gasodutos da Petrobras).
Batizada de “Operação Gato Preto”, neste primeiro dia a ação teve como alvo dez carvoarias da região. A blitz deve continuar pelo menos até a próxima terça-feira. Em todos os locais vistoriados, havia problemas de empregados sem registro de trabalho. Em três carvoarias, os auditores identificaram 19 pessoas trabalhando em condições análogas à escravidão. Também foram foram encontrados sete crianças (menores de idade) trabalhando em outras três.
(...)
Ronaldo D´Ercole, O Globo
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
1% da humanidade controla 50% do PIB mundial
O pequeno grupo das 85 pessoas mais ricas do mundo concentra a mesma riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres do planeta, revelou nesta segunda-feira uma pesquisa da organização Oxfam International. O estudo foi divulgado às vésperas do Fórum Econômico Mundial e tem como objetivo estimular o debate sobre a desigualdade social no encontro, que ocorre a partir de quarta-feira em Davos, na Suíça.
De acordo com o relatório, o grupo de super-ricos acumula fortuna de US$ 1,7 trilhão. A entidade afirma ainda que 1% da população mundial detém quase metade da riqueza mundial: US$ 110 trilhões.
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Fonte: O Globo
Caos nos presídios com R$ 2 bilhões em caixa
O sistema penitenciário brasileiro é ineficiente e brutal. Condenados ou não, milhares de presidiários são amontoados como detritos. Assim, sobrevivem se revezando para dormir, seminus, doentes, sem água por dias a fio, em temperaturas de até 50 graus.
O Estado omisso foi substituído por facções que comandam os complexos penitenciários. Enquanto isso, parte da sociedade, indignada pela violência crescente, curte silenciosa a vingança. Um eventual big brother venderia horrores, literalmente.
Nesse ambiente, a frase rabiscada em um cárcere na Bahia parece ameaçadora: “Hoje estou contido, amanhã estarei contigo.”
Os números são impressionantes. O Brasil tem cerca de 550 mil presos, a quarta maior população carcerária do mundo. Nesse G4 só ficamos atrás de Estados Unidos, China e Rússia. No entanto, a capacidade máxima das 1.312 unidades prisionais brasileiras é de aproximadamente 310 mil detentos, o que gera déficit de 240 mil vagas. Essa situação seria atenuada caso o Judiciário fosse mais ágil, pois quase 40% dos detentos são presos provisórios, com processos não julgados. Por outro lado, existem 500 mil mandados de prisão expedidos e não cumpridos.
A depender das leis, teríamos, há muito tempo, presídios no padrão Fifa. Na Constituição do Império (1824), embora fosse admitida a pena de morte, já havia disposições que protegiam os presos de penas cruéis, torturas, açoites e marcas de ferro quente, assim como determinações acerca do local do encarceramento que deveria ser limpo, bem arejado, com separação dos réus de acordo com os crimes pelos quais foram condenados. Pura balela.
Mais recentemente, em 7 de janeiro de 1994, foi criado o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), com a finalidade de proporcionar recursos e meios para financiar programas de aprimoramento do Sistema Penitenciário Brasileiro. Paradoxalmente, na véspera de o Fundo completar 20 anos, Ana Clara, uma menina de 6 anos, morreu queimada no Maranhão, em incêndio deflagrado por ordem direta de presidiários do Complexo de Pedrinhas.
No Funpen, dinheiro não é problema. Como, por lei, 3% das loterias e 50% das custas processuais destinam-se ao Fundo, desde a sua criação já foram amealhados cerca de R$ 6,7 bilhões, em valores atualizados. No entanto, como esclarece relatório do próprio Ministério da Justiça, “os repasses do fundo são classificados como transferências voluntárias, ou seja, não decorrem de obrigação constitucional ou legal e, dessa forma, suas dotações orçamentárias fazem parte da chamada base contingenciável que o governo federal dispõe para obtenção do superávit primário”.
Nos últimos 13 anos, dos R$ 4,5 bilhões autorizados no orçamento da União, apenas R$ 1,9 bilhão (41%) foi efetivamente desembolsado. Apesar de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ter dito, no final de 2012, que preferia morrer a ficar preso, a execução do Funpen, no ano seguinte, sob a responsabilidade de sua pasta, continuou pífia. Dos R$ 384,2 milhões autorizados, apenas R$ 73,6 milhões (19%) foram pagos, incluindo os restos a pagar.
Como o dinheiro entra, mas não sai, cresce o caos no sistema penitenciário, enquanto o saldo contábil do Funpen é atualmente de R$ 1,8 bilhão! A meu ver, cabe ao Ministério Público ajuizar ação por crime de responsabilidade contra as autoridades que determinam ou são coniventes com esse “contingenciamento” em área tão crítica.
Enfim, falta gestão! A conscientização dos cidadãos para que aceitem presídios (seguros) em suas cidades, a maior integração entre os órgãos federais, estaduais e municipais, a criação de um sistema integrado de segurança pública, as formas de reinserção de ex-presidiários na sociedade, a implantação das penas alternativas, o monitoramento eletrônico e a privatização de presídios são temas consensuais que ainda não produziram resultados com repercussão nacional. As crises não podem resultar somente em ameaças veladas de intervenção, quando o estado é governado por adversários políticos, ou em bajulação, quando administrado por aliados.
As cadeias são, há muito tempo, as universidades do crime. A reincidência é de aproximadamente 70%. Por isso, talvez seja difícil imaginar que a expressão “hoje estou contido, amanhã estarei contigo” possa envolver emoção, sentimento e significar um reencontro com a própria vida. Mas a frase é de um detento recuperado prestes a deixar a penitenciária e expressa saudade e afetividade. Afinal, diz o ditado, a única prisão paradisíaca é a paixão.
Autor: Gil Castello Branco: economista e fundador da organização não governamental Associação Contas Abertas.
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