O QUE É TRAIR?
Chegar ao não-lugar do disfarce incessante. Ainda mais que a coisa toda vem do século XIX. É uma fraude cuidadosamente preparada em pequenos frascos-ampolas. Todos acreditam. Um dia, ele entra no consultório e senta-se na cadeira do paciente. Trata-se da desordem infiltrada no tecido da ordem mental asséptica. Mas não há "mental".O psiquiatra torna-se um paciente que resiste ao funcionamento vertical da Entrevista. Pergunta se há consciência. Não há. Descobre que o cérebro é uma instituição instituída por neurônios aflitos. Ensaia solilóquios bizarros. A essa altura, rompem-se identidades. Escutar um delírio passa a ser olhar as vozes, percutir o infinito e ouvir o tempo que não passa... e já passou. Trair é inventar.
A.M.
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