Este blog busca problematizar a Realidade mediante a expressão de linhas múltiplas e signos dispersos.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
ENCONTROS
Quando se trabalha, a solidão é, inevitavelmente absoluta. Não se pode fazer escola, nem fazer parte de uma escola. Só há trabalho clandestino. Só que é uma solidão extremamente povoada. Não povoada de sonhos,fantasias ou projetos, mas de encontros. Um encontro é talvez a mesma coisa que um devir ou núpcias.É do fundo dessa solidão que se pode fazer qualquer encontro. Encontram-se pessoas (e ás vezes sem as conhecer nem jamais tê-las visto), mas também movimentos, idéias, acontecimentos, entidades.
(...)
Gilles Deleuze e Claire Parnet in Diálogos
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
FAZ ESCURO MAS EU CANTO
Faz escuro mas eu canto,
porque a manhã vai chegar.
Vem ver comigo, companheiro,
a cor do mundo mudar.
Vale a pena não dormir para esperar
a cor do mundo mudar.
Já é madrugada,
vem o sol, quero alegria,
que é para esquecer o que eu sofria.
Quem sofre fica acordado
defendendo o coração.
Vamos juntos, multidão,
trabalhar pela alegria,
amanhã é um novo dia.
Thiago de Mello
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
SOCIEDADE DE CONTROLE X SOCIEDADE DISCIPLINAR
Em tempos de constante vigilância, por meio de aparelhos eletrônicos e tecnologias que nos permitem ficar "on line" o tempo todo, a discussão acerca do controle social é importante. A discussão sobre a melhor forme de educar e normatizar a vida de crianças, adolescentes e jovens não surgiu com a "lei das palmadas", entretanto a discussão dessa lei é uma ocasião interessante para questionar quais são os novos meios disciplinadores do comportamento humano, sobretudo dos mais jovens.
Durante os séculos XIX e XX, o capitalismo priorizou uma sociedade disciplinar, centrada na casa, na escola, na igreja, na fábrica, na prisão. Para Michel Foucault, tratava-se de uma sociedade disciplinar hierarquizada, conduzida pela constante vigilância e pelo controle do tempo e do comportamento por um "superior": o pai, o professor, o patrão.
O século XXI inaugurou uma outra forma de controle, aparentemente mais leve e substancialmente mais eficaz: o controle internalizado no medo da exclusão, da segregação, da condenação pelo olhar dos outros. Gilles Deleuze atribui à sociedade escópica (na qual todos veem e são vistos) um dos principais propulsores desse estado de coisas. Não se trata mais da presença física de uma autoridade disciplinar nem dos limites de um espaço que requer determinado comportamento (como a fábrica, a escola, a igreja). As cobranças penetram na alma do indivíduo que se sente coagido a se comportar de determinada forma para não ser condenado.
Thaís Cavalcanti, do blog "Insustentável"
ZEN.CONSULTA
Psiquiatra- Bom dia! pois não, o que lhe traz aqui?
Paciente- Dr., há 5 anos sofro de delírio de perseguição; e só tenho piorado. Hoje, me sinto acuado e invalidado como gente. Suspeito de tudo.
Psiquiatra - Fale mais sobre isso; quem você acha que lhe persegue?
Paciente-Os psiquiatras.
Psiquiatra - Os psiquiatras?? Como assim? Você tem certeza? De que modo lhe perseguem?
Paciente- Com certeza, dr., eles me ferem na alma com dezenas de diagnósticos morais e me ferem no corpo com dezenas de remédios químicos inúteis e tóxicos. Sou um homem sequelado, estigmatizado. Me ajude, dr.
Psiquiatra- Ah, entendi sem entender. Então, meu caro, o seu caso não é para mim. Procure a Polícia e depois a Justiça.E boa sorte.
Paciente- Obrigado, dr.
Psiquiatra- Não há de que.
Paciente -Só uma coisa a mais dr - mas o sr. também não é psiquiatra?
Psiquiatra - Sim, claro, sou psiquiatra, mas também sou louco como você. Acredito no seu delírio.
Paciente- Ah, agora entendi.
UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO
I
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com
faca
b) 0 modo como as violetas preparam o dia
para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas
vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência
num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega
mais ternura que um rio que flui entre 2
lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.
IV
No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para
Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras
IX
Para entrar em estado de árvore é preciso
partir de um torpor animal de lagarto às
3 horas da tarde, no mês de agosto.
Em 2 anos a inércia e o mato vão crescer
em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até
o mato sair na voz.
Hoje eu desenho o cheiro das árvores.
(...)
Manoel de Barros
HUMANO, DEMASIADO HUMANO
Suzane Richthofen se casa dentro da cadeia. Com uma sequestradora
Casal vive em cela especial desde setembro. Antes, parceira de Suzane mantinha relacionamento com Elize Matsunaga
Suzane Von Richtofen se casou. A nova parceira da detenta, que está há 12 anos encarcerada na penitenciária de Tremembé, no interior paulista, é Sandra Regina Gomes, condenada a 27 anos de prisão pelo sequestro de uma empresária em São Paulo. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo nesta terça-feira.
A história de amor entre Suzane e Sandra tem nuances dignos de trama de novela. Antes do enlace entre as duas, Sandra vivia maritalmente com Elize Matsunaga, presa pela morte e esquartejamento do marido Marcos Kitano Matsunaga, em junho de 2012.
O casal se conheceu na fábrica de roupas que funciona dentro do presídio e onde Suzane ocupa um cargo de chefia. Ao perceber o interesse de Suzane por Sandra, o relacionamento com Elize acabou. O triângulo amoroso acabou por romper a amizade entre as presas.
Desde setembro deste ano Suzane e Sandra passaram a dormir em uma cela especial destina a presas casadas. Lá, dividem o espaço com mais oito casais. Antes Suzane ocupava uma ala especial, destinada a presas evangélicas, desde 2002, quando foi presa pelo assassinato dos pais Manfred e Marísia von Richthofen, mortos a pauladas a mando de Suzane.
Para poder dormir com seu novo amor, a ex-estudante teve de assinar um documento de reconhecimento de relacionamento afetivo, exigido para todas as presas que resolvem viver juntas.
(...)
Fonte:Veja, 28/10/2014
PENSAR, PENSAR
...Mas como ser feliz num mundo que rebenta de miséria? Em cada cartaz de cada esquina o que se estampa é a morte;ou, pior, a tirania; a brutalidade; a tortura; a derrocada da civilização; o fim da liberdade. Nós aqui, pensou, apenas nos abrigamos debaixo de uma folha, uma folha que será destruída. E Eleanor pretende que o mundo melhorou, só porque duas pessoas, dentre todos os milhões, são "felizes". Tinha os olhos postados no chão fixamente. Estava vazio agora, salvo por um fiapo de musselina rasgado de alguma saia. Por que observo assim as menores coisas?- pensou. Mudou de posição. Por que tenho de pensar? Quuisera não pensar. Quisera ter cortinas na mente, como as dos vagões- leitos de estrada de ferro, cortinas que baixam interceptam a luz; as cortinas azuis que a gente puxa nas viagens noturnas. Quisera ter o falcão da mente encapuzado, deixar de pensar, pois pensar é um tormento, e apenas vogar, vogar à deriva e sonhar...
Virginia Woolf
terça-feira, 28 de outubro de 2014
ANTI-CONFORMISMO
Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma grosseria. Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória. Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue.
Fernando Pessoa
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS
Doleiro Yousseff promete entregar à Justiça números de contas secretas do PT em paraísos fiscais
O Planalto sabia de tudo
Os trechos mais quentes da reportagem de VEJA deste fim de semana sobre as confissões à Justiça do doleiro Alberto Youssef, um dos cabeças do esquema de corrupção na Petrobras:
• — O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado.
— Lula e Dilma — respondeu o doleiro.
• Na semana passada ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Aos investigadores Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem.
• Entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos investigadores e que ajudam a determinar a alta posição do doleiro no esquema — e, consequentemente, sua relevância para a investigação —, estão lembranças de discussões telefônicas entre Lula e Paulo Roberto Costa sobre a ampliação dos “serviços”, antes prestados apenas ao PP, também em benefício do PT e do PMDB.
• “O Vaccari está enterrado”, comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o doleiro já narrou sobre sua parceria com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. O doleiro se comprometeu a mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. O dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari.
• O doleiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos estão guardadas em um arquivo com mais de 10 000 notas fiscais que serão apresentadas por ele como evidências. Nesse tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em nome do partido em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a dar à PF a localização, o número e os valores das operações que teria feito por instrução da cúpula do PT.
• Youssef dirá que um integrante da coordenação da campanha presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de “Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto: repatriar 20 milhões de reais que seriam usados na campanha presidencial de Dilma Rousseff. Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da Polícia Federal em Curitiba.
(...)
Fonte: R. Noblat, 24/102014
Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.
Vladimir Maiakóvski
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.
Vladimir Maiakóvski
O DINHEIRO DA PETROBRAS
Além de Dilma Rousseff e Aécio Neves, há dois personagens que se transformaram em protagonistas involuntários de uma turbulenta campanha eleitoral à presidência, cheia de altos e baixos, surpresas, golpes e pesquisas que sobem e descem ao ritmo de uma montanha-russa: trata se de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da empresa de petróleo Petrobras, a maior empresa pública do país e da América Latina, e o doleiro especializado em lavagem de dinheiro Alberto Youssef.
Ambos eram sócios. E ambos estão presos há meses, acusados de se apropriarem de fundos da Petrobras e enviá-los a contas estrangeiras, especialmente na Suíça. Agora, os dois acusados, após acordo com o juiz, estão se preparando para delatar mais implicados na trama de corrupção em troca de uma redução substancial de punição.
(...)
Fonte: El País, 27/10/2014
domingo, 26 de outubro de 2014
OS NÉSCIOS
Vi-me de volta à cidade sepulcral, ressentindo-me da visão de pessoas andando apressadas pelas ruas para roubar um pouco de dinheiro umas das outras, devorar suas infames comidas, engolir sua insalubre cerveja, sonhar seus sonhos insignificantes e tolos. Elas invadiam meus pensamentos. Eram intrusas cujo conhecimento da vida era para mim uma irritante impostura, porque eu me sentia tão certo de que não podiam conhecer as coisas que eu conhecia. O porte delas, que era simplesmente o porte de indivíduos vulgares tratando de seus negócios na certeza de uma perfeita segurança, era ofensivo como o ultrajante pavonear-se da loucura diante de um perigo que é incapaz de compreender. Eu não tinha qualquer desejo particular de iluminá-los, mas sentia uma certa dificuldade em impedir-me de rir na cara delas, tão cheias de estúpida importância.
Joseph Conrad
sábado, 25 de outubro de 2014
FORA DO NORMAL
É aos de mente instável que devemos o progresso em todas as suas formas, assim como todas as formas de revolução destrutiva. Os de mente estável, devido à sua relutância em aceitar modificações, dão à estrutura social a sua sólida durabilidade. Há no mundo muito mais gente de mente estável que instável (se as proporções fossem trocadas viveríamos num caos). Daí resulta que, ao aparecerem pela primeira vez, os inovadores foram geralmente perseguidos e sempre escarnecidos como lunáticos e loucos (...)
Nenhum autor de opiniões singulares é alguma vez razoável aos olhos da maioria dos de mente estabilizada. Porque o razoável é o familiar, é aquilo que os de mente estável estão no hábito de pensar no momento em que o herege profere a sua opinião singular. Usar a inteligência de qualquer outro modo que não seja o habitual não é usar a inteligência; é ser irracional, delirar como um louco.
Aldous Huxley
IMPEACHMENT LOGO ALÍ
(...) A democracia foi substituída pela criminocracia. Caso se comprovem as delações de Youssef – e quem circula no meio político tem poucas razões para duvidar dessa hipótese -, uma eventual vitória de Dilma Roussef recolocará o fantasma do impeachment no palco da política.
Ouvi de um importante advogado de Brasília, acostumado a defender políticos, a frase: “Os eleitores de Dilma devem desde já procurar conhecer o programa de governo de Michel Temer”.
De fato, se vitoriosa – e na hipótese de um processo de impeachment -, Dilma acha que o PMDB a apoiaria ou preferiria exercer diretamente o poder? A eleição termina amanhã, mas a crise ocupará 2015.
Ruy Fausto - blog do Noblat
AFETOS
Como me sinto? Como se colocassem dois olhos sobre uma mesa e dissessem a mim , a mim que sou cego : isso é aquilo que vê , essa é a matéria que vê . Toco os dois olhos sobre a mesa , lisos , tépidos ainda , arrancaram há pouco, gelatinosos , mas não vejo o ver . É assim o que sinto tentando materializar na narrativa a convulsão do meu espírito , e desbocado e cruel , manchado de tintas , essas pardas escuras do não saber dizer , tento amputado conhecer o passo , cego conhecer a luz , ausente de braços tento te abraçar.
Hilda Hilst
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
EM SAÚDE MENTAL
A DIFERENÇA NA CLÍNICA
Trabalhamos a clínica da diferença em psiquiatria usando os conceitos de rizoma, devir e multiplicidade, entre outros. "Rizoma" diz respeito a pesquisa de linhas existenciais (molares,nômades e de fuga) entrelaçadas umas nas outras, e no entanto passíveis de uma espécie de "descolagem" com o fim de afirmar o desejo. Quanto ao "devir", trata-se, conforme Deleuze-Guattari, do conteúdo do desejo. Ora, isso funciona de vários modos, em toda parte, sempre constituíndo territórios móveis, sempre fluindo, escapando. O tempo do Encontro clínico passa, então, a ser (ou deveria ser) a fábrica do Novo inscrito num sofrimento humano não cristão, inumano, trágico. Não trabalhamos, pois, com a concepção de pessoa humana (conceito cristão, por excelência) mas com um desejo inconsciente, nômade e anarquista. Por fim, o conceito de "multiplicidade"se estabelece na atualização da loucura não-patológica experimentada como linha multiplicada e multiplicante das potências de cada paciente tornado im-paciente, não-paciente.
A.M.
ESTUDANTE ABRE FOGO EM ESCOLA DE SEATTLE, EUA
Um estudante abriu fogo nesta sexta-feira (24) em uma escola secundária no Estado de Washington, oeste dos Estados Unidos, ferindo várias vítimas antes de se matar com uma arma, afirmou o jornal Seattle Times.
(...)
Fonte:iG São Paulo, 24/102014, 17,40 hs
OS APAIXONADOS
Estranho, sim. As pessoas ficam desconfiadas, ambíguas diante dos apaixonados. Aproximam-se deles, dizem coisas amáveis, mas guardam certa distância, não invadem o casulo imantado que envolve os amantes e que pode explodir como um terreno minado, muita cautela ao pisar nesse terreno. Com sua disciplina indisciplinada, os amantes são seres diferentes e o ser diferente é excluído porque vira desafio, ameaça.
Se o amor na sua doação absoluta os faz mais frágeis, ao mesmo tempo os protege como uma armadura. Os apaixonados voltaram ao Jardim do Paraíso, provaram da Árvore do Conhecimento e agora sabem
Lygia Fagundes Telles
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Do livro "Infância inventada"
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
SEMIÓTICAS DO PODER
A verdade e a mentira são construções que decorrem da vida no rebanho e da linguagem que lhe corresponde. O homem do rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho. (...)Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho.
(...)
Friedrich Nietzsche
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
BRASIL NO TOPO
Brasileiro pode ser recordista entre serial killers, diz criminologista
Caso se confirmem as 39 mortes confessadas em Goiânia, segundo a polícia, pelo vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, o brasileiro estará entre os serial killers mais letais da história moderna. É o que afirma o professor de criminologia americano Scott Bonn, da Universidade Drew, em Nova Jersey (EUA).
A polícia de Goiânia diz que Rocha, de 26 anos, cometeu os crimes a partir de 2011. Entre suas vítimas estão moradores de rua, homens gays e jovens mulheres. Rocha foi preso na semana passada numa operação policial.
"Isso [o total de vítimas] o colocaria no topo do ranking, ao lado dos mais prolíficos serial killers da história moderna", disse Bonn à BBC Brasil.
(...)
Fonte: BBC Brasil Alessandra Corrêa 22/10/2014
CÓPIAS
Tudo quanto fazemos, na arte ou na vida, é a cópia imperfeita do que pensámos em fazer. Desdiz não só da perfeição externa, senão da perfeição interna; falha não só à regra do que deveria ser, senão à regra do que julgávamos que poderia ser. Somos ocos não só por dentro, senão também por fora, párias da antecipação e da promessa.
Fernando Pessoa
DROGAR-SE
O verdadeiro Amor como qualquer outra droga forte que cause dependência, não tem graça. Assim que a fase do encontro e descoberta se encerra, os beijos se tornam surrados e as carícias cansativas... exceto, é claro, para aqueles que compartilham os beijos, que dão e recebem as carícias enquanto cada som e cada cor do mundo parecem se aprofundar e brilhar em volta deles.
Como acontece com qualquer outra droga forte, o primeiro amor verdadeiro só é realmente interessante para aqueles que se tornam seus prisioneiros. E como acontece com qualquer outra droga forte que cause dependência, o primeiro amor verdadeiro é perigoso. Os que estão sob o domínio de uma droga forte - heroína, erva-do-diabo, verdadeiro amor - frequentemente se veem tentando manter um precário equilíbrio entre discrição e êxtase, enquanto avançam na corda bamba de suas vidas. Manter o equilíbrio numa corda bamba é difícil até mesmo no estado mais sóbrio; fazer isso num estado de delírio é praticamente impossível. A longo prazo, é completamente impossível.
Stephen King
terça-feira, 21 de outubro de 2014
ARTE
Falamos da arte como composição de linhas subjetivas que buscam expressar e criar um mundo. É possível captar essas forças no Encontro com o paciente. A psiquiatria capta outras forças, é bem verdade, as do organismo físico-químico adoecido pelas condições em que vive. Isso significa fabricado por múltiplas determinações que escapam ao controle do eu. Escapam também ao enquadre linear causa-efeito. Contudo, o que o paciente diz sentir é o que importa. A arte, surge, então, como resistência às situações existenciais adversas. Nesse sentido ela está fora da psiquiatria, não havendo encontro possível. A linguagem da arte é inseparável da sensação, pura sensação que constitui a subjetividade como semiótica a-significante.Ou seja, não sendo submetida à consciência (“eu, enquanto indivíduo”), a produção da arte é uma produção de singularidades que retira matéria viva do caos.Na psiquiatria atual, no lugar da produção,o produto é capturado (e imobilizado) por exames de imagem. Sob controle.
A.M. in Trair a psiquiatria
Ultrapassagem de Dilma no Datafolha potencializa supremacia do marketing
Vivemos atrás do significado maior de qualquer coisa que resuma uma época, seja a propagação do vírus Ebola ou a conversão da água do volume morto do Cantareira em drink-ostentação. Os brasileiros do futuro talvez elejam 2014 como um ano histórico. Dirão que foi o ano em que a política ingressou de vez na Idade Mídia, tornando-se um mero ramo da publicidade.
(...)
Fonte: Blog do Josias de Souza, 21/102014
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
A REPRESENTAÇÃO
Quanto menos se conhece alguém, mais corremos o risco de construir a sua imagem de maneira distorcida, aumentando-a ou diminuindo-a. Através desse mecanismo, muitos carrascos viraram heróis ao longo da história, e muitos heróis se transformaram em carrascos na mente das futuras gerações. Preenchemos a falta de elementos que definem a personalidade de uma pessoa com fantasias, imaginações, superstições.
Carl Jung
domingo, 19 de outubro de 2014
O PROJETO
Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força ou por fraude, faze-se amar a e temer pelo povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com propostas novas as instituições antigas, ser severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou combater com respeito, não encontrará exemplos mais atuais do que as ações do duque.
(...)
Maquiavel
HUMOR COMO EFEITO
A psiquiatria oficial, atual e estabelecida como "verdade científica" inventou a doença "transtorno do humor". Ora, em psicopatologia clínica, o HUMOR é um elemento que resulta de múltiplos fatores: orgânicos, cerebrais, culturais, sociais, psíquicos, morais, etc. A lista é praticamente infinita. Conforme a CID-10 (Bíblia dos diagnósticos) o Humor é causa, origem. Dizemos o contrário: o HUMOR é efeito, consequência. Desse modo, na compreensão das patologias mentais, o critério para se chegar à REALIDADE do paciente é analisar um a um os diversos fatores e tentar conectá-los num agenciamente de forças que permita dizer: "essa pessoa está doente e precisa de ajuda". Se ausente uma metodologia transdisciplinar ficamos atolados no pensamento único da biomedicina, ou, o que é pior, serão aniquiladas as potências de vida daquele que sofre. Mais grave ainda é o diagnóstico errado, não porque haja um outro diagnóstico melhor, mas porque simplesmente NÃO HÁ DIAGNÓSTCO que dê conta da complexidade do quadro. Somos todos multiplicidades singulares. Esta é uma clínica (da diferença) que traz muito trabalho ao técnico em saúde mental. Em contra-partida, a sua inserção prática sobre a vida do paciente imprime a marca de uma adesão incondicional aos seus devires existenciais. Mas, quem suporta tal radicalidade?
A.M.
MAIS LAMA
YOUSSEF: DESVIO AJUDOU A FINANCIAR DILMA
YOUSSEF: DESVIO AJUDOU A FINANCIAR DILMA
A campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010 foi parcialmente financiada com verbas desviadas da Petrobras, disse Alberto Youssef às autoridades que conduzem a Operacão Lava Jato. Em processo de delação premiada, o doleiro vem sendo submetido a sessões diárias de interrogatórios desde 2 de outubro. Deve-se ao repórter Robson Bonin a revelação de parte do conteúdo dos depoimentos. Encontram-se na última edição de Veja.
PAULO ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro, Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, cargo que ocupou entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por tentar ocultar provas que o incriminavam. Solto em maio, foi preso novamente em junho, e fez acordo de delação premiada com a PF em agosto, o que possibilitaria uma redução de sua pena em caso de condenação. Em depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista "Veja", ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal.
Youssef chamou o petrolão de “mensalão dois”. Contou que a engenharia dos desvios incluiu uma inusitada novidade. Em vez de descer para o caixa dois das campanhas, o dinheiro surrupiado da Petrobras era escriturado como se fosse uma doação legal. Nessa versão, a coisa funcionava assim: as empresas doavam dinheiro legalmente às campanhas de congressistas e da própria Dilma. tudo registrado na Justiça Eleitoral. Mas os recursos vinham de contratos firmados pelas empresas com Petrobras, que carregavam um sobrepreço político.
Parceiro de crimes do também delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Youssef mencionou os nomes de 28 deputados federais que recebiam mesadas do esquema montado na Petrobras. Segundo ele, os pagamentos eram mensais e variavam conforme de R$ 100 mil a R$ 150 mil, conforme o peso político de cada um.
A delação do doleiro serve de matéria-prima para que os investigadores da Lava Jato transformem a investigação da Lava Jato. Assim como ocorre com Paulo Roberto Costa, Youssef terá que ajudar o Ministério Público e a Polícia Federal a provar que diz a verdade. Sob pena de não obter os benefícios judiciais que pleiteia, tais como redução de pena e prisão domiciliar.
Fonte: Blog do Josias de Souza, 19/10/2014
OMS ADMITE FALHAS NA GESTÃO DO EBOLA
Um documento interno da Organização Mundial da Saúde (OMS), ao qual a agência Associated Press teve acesso, reconhece erros da instituição na gestão da crise do ebola, motivados por pessoal pouco competente e falta de informações. “Quase todos os envolvidos na resposta”, segundo o documento, “ignoraram detalhes óbvios”. “Uma tempestade perfeita estava sendo engendrada, pronta para estourar com toda a força”, revela o texto, sobre o qual a OMS não quis fazer comentários, argumentando que se trata de um “primeiro rascunho” que descreve “fatos não verificados sobre uma análise em andamento”.
O documento admite “a falta de esmero” da OMS em suas tentativas de deter o surto de ebola na África, e questiona a capacidade da organização para se dar conta de que os métodos tradicionais de contenção das enfermidades não iam funcionar em uma região como a África Ocidental, onde os sistemas de saúde não estão desenvolvidos e as fronteiras são muito porosas.
Além disso, o texto responsabiliza pelas falhas a complexa burocracia da OMS. Os chefes de suas divisões africanas eram “nomeações políticas” feitas pelo responsável pela delegação da organização na África, Luis Sambo, designado pelos Estados membros africanos, e não pela autoridade máxima da organização, Margaret Chan.
(...)
Fonte:El País, 18/10/2014
sábado, 18 de outubro de 2014
O Filho do Século
Nunca mais andarei de bicicleta
Nem conversarei no portão
Com meninas de cabelos cacheados
Adeus valsa "Danúbio Azul"
Adeus tardes preguiçosas
Adeus cheiros do mundo sambas
Adeus puro amor
Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem
Não tenho forças para gritar um grande grito
Cairei no chão do século vinte
Aguardem-me lá fora
As multidões famintas justiceiras
Sujeitos com gases venenosos
É a hora das barricadas
É a hora da fuzilamento, da raiva maior
Os vivos pedem vingança
Os mortos minerais vegetais pedem vingança
É a hora do protesto geral
É a hora dos vôos destruidores
É a hora das barricadas, dos fuzilamentos
Fomes desejos ânsias sonhos perdidos,
Misérias de todos os países uni-vos
Fogem a galope os anjos-aviões
Carregando o cálice da esperança
Tempo espaço firmes porque me abandonastes.
Murilo Mendes
SEM DESTINO
(...) No decorrer da viagem, Alice encontra muitos caminhos que seguíam em várias direções. Em dado momento, ela perguntou a um gato sentado numa árvore:
- Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
- Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
- Eu não sei.
O gato, então, respondeu sabiamente:
- Sendo assim, qualquer caminho serve.
Lewis Carroll in Alice no país das maravilhas
ACREDITAR
Muitos ortodoxos falam como se fosse obrigação dos céticos contraprovar dogmas consagrados, e não dos dogmáticos comprová-los. Isso é, claro, um equívoco. Se eu sugerisse que entre a Terra e Marte há um bule de chá chinês rodando em torno do Sol numa órbita elíptica, ninguém seria capaz de contraprovar minha afirmação, desde que eu tenha tido o cuidado de acrescentar que o bule é pequeno demais para ser revelado até pelos nossos telescópios mais potentes. Mas, se eu prosseguisse dizendo que, como minha afirmação não pode ser contraprovada, é uma presunção intolerável por parte da razão humana duvidar dela, imediatamente achariam que eu estava falando maluquices. Se, porém, a existência do bule tivesse sido declarada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todos os domingos e instilada na cabeça das crianças na escola, a hesitação em acreditar em sua existência se tornaria um traço de excentricidade e garantiria ao questionador o atendimento por psiquiatras numa era esclarecida ou por um inquisidor em eras anteriores.
Bertrand Russell
DA MEDICINA
Sob as condições do capitalismo aparentemente vencedor, a Medicina tornou-se uma mercadoria. E das mais caras.Qualquer avaliação de suas práticas, de suas idéias, de seus progressos, de suas maravilhas, deve considerar esse dado histórico-social, a não ser que a análise fique atrelada a uma visão liberal-humanística ( e romântica) do médico como indivíduo fazedor do bem.
A.M.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
O DIA, OS DIAS, O FIM DOS DIAS
Sem que eles falem, lapidado por seus pensamentos
Mais um dia de menor nível. Gestos sem sombras
A qual século é preciso se inclinar para perceber?
Samambaias, samambaias, diríamos suspiros, por toda parte, suspiros
O vento espalha as folhas soltas
Força das macas, há cento e oitenta mil anos já se nascia
para apodrecer, para perecer, para sofrer
Este dia, quando éramos semelhantes
quantidade de semelhantes
dia em que o vento se traga
dia de pensamentos insustentáveis
Vejo os homens imóveis
deitados nas canoas
Partir.
De qualquer maneira, partir.
A longa lâmina do fluxo d´água deterá a palavra.
Henri Michaux
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
POLÍTICA DA SUBJETIVIDADE
Na reta final das eleições no Brasil aparecem dois rostos-candidatos mui diferentes. Mas a política é algo impessoal. Na verdade ELES SÃO IGUAIS. Basta comparar os dois partidos (PSDB e PT) e suas histórias de quando assumiram o poder. Qual foi pior? Ou menos pior? De todo modo, o escândalo maior, sem dúvida, é o da possível continuação da quadrilha petralha no poder. Me pergunto, então, porque tanta gente vota no PT. Comecei a elaborar uma tipologia desses eleitores. Identifiquei 5 (cinco) tipos, ainda que a lista seja bem maior. Trata-se de um esboço psicossocial de tipos-ideais (M. Weber) cristalizado em modos de subjetivação. Vejamos, sem ordem de importância: Tipo 1- O Idiota, ou o Idiotizado- o que se refere a algum benefício que esteja recebendo do Governo como sendo a grande e inquestionável virtude petista. Bolsa-família, etc. Isso lhe basta, isto lhe torna feliz para sempre. Gratidão for ever associada ao medo da perda.Tipo 2-O Fanático - este se acha atrelado a uma visão de uma suposta eternidade messiãnica petista, praticamente igualando o seu ideário político a um sistema religioso, não importa qual. Alimenta-se de transcendências, ou seja, de valores acima da vida na Terra. Raciocina (?) pela fé inabalável em ícones personalísticos, como é o caso do ex-presidente Lula, ou de símbolos como a estrela vermelha, etc.Tipo 3 -O Espertalhão - ocupa alguma função importante ou nem tanto (lhe traz ganhos variados, não só financeiros...)no atual governo federal, faz parte da corruptocracia oficial ou indiretamente, como terceirizado, empresário, parente de políticos que apoiam o governo e o impulsionam com mentiras "verdadeiras".As vantagens são exatamente as de quem detém o poder. Tipo 4-O Romântico - este é o "bem intencionado" pois acredita sinceramente no PT de 1980 que ainda respira e sem aparelhos, como projeto da Esquerda vibrante (revolucionária) dos anos 60, mas mortuária nos dias atuais. O Romãntico, como todo romântico, acredita num universo imaginário pairando sobre nossas cabeças e não no Real em si mesmo, real-concreto.Tipo 5-O Ingênuo - com características subjetivas próximas ao Romântico e ao Idiota, diferencia-se por acreditar que o PT não é uma quadrilha bem montada, e sim, um grupo de homens abnegados na luta por mudar o país.Até argumenta com sistemas de crenças que beiram o delírio. Ele nada entende e nem quer entender de política. Óbvio que há outros tipos, mas por ora, fiquemos nesses, pois já não é pouca coisa, se a isso somarnos a máqina de imbecilização que é o Marketing Político.
A.M.
BOM
Há uma grandeza, há uma glória, há uma intrepidez em ser simplesmente bom, sem aparato, nem interesse, nem cálculo; e sobretudo sem arrependimento.
Machado de Assis
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
DIA DO PROFESSOR
O professor disserta sobre ponto difícil do programa.
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras desta vida.
O professor vai sacudí-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz,
Com medo de acordá-lo.
Carlos Drummond de Andrade
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