quarta-feira, 29 de outubro de 2014

SOCIEDADE DE CONTROLE X SOCIEDADE DISCIPLINAR

Em tempos de constante vigilância, por meio de aparelhos eletrônicos e tecnologias que nos permitem ficar "on line" o tempo todo, a discussão acerca do controle social é importante. A discussão sobre a melhor forme de educar e normatizar a vida de crianças, adolescentes e jovens não surgiu com a "lei das palmadas", entretanto a discussão dessa lei é uma ocasião interessante para questionar quais são os novos meios disciplinadores do comportamento humano, sobretudo dos mais jovens.

Durante os séculos XIX e XX, o capitalismo priorizou uma sociedade disciplinar, centrada na casa, na escola, na igreja, na fábrica, na prisão. Para Michel Foucault, tratava-se de uma sociedade disciplinar hierarquizada, conduzida pela constante vigilância e pelo controle do tempo e do comportamento por um "superior": o pai, o professor, o patrão.

O século XXI inaugurou uma outra forma de controle, aparentemente mais leve e substancialmente mais eficaz: o controle internalizado no medo da exclusão, da segregação, da condenação pelo olhar dos outros. Gilles Deleuze atribui à sociedade escópica (na qual todos veem e são vistos) um dos principais propulsores desse estado de coisas. Não se trata mais da presença física de uma autoridade disciplinar nem dos limites de um espaço que requer determinado comportamento (como a fábrica, a escola, a igreja). As cobranças penetram na alma do indivíduo que se sente coagido a se comportar de determinada forma para não ser condenado.

Thaís Cavalcanti, do blog "Insustentável"

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