COMO LIBERTAR O DESEJO?
A psiquiatria não é proprietária da saúde mental, a psicanálise não é proprietária do inconsciente. Para tornar tais enunciados possíveis, recorremos à análise institucional, ou seja, a uma concepção teórica que prioriza linhas institucionais (não organizacionais) inseridas em práticas sociais. Um chute no cientificismo e nos especialismos com ares de verdade. Dito de outro modo, as linhas institucionais são as próprias práticas, já que estão “presas” em nós de relações subjetivas. “Subjetivo”, então, não designa mais a pessoa, o eu, o individuo, a alma, a personalidade, o sistema mente-cérebro, etc, categorias marcadas com o selo do humanismo ocidental. Bem mais, ou bem menos, “subjetivo” é uma forma de expressão social contextualizada na história da cultura onde a psiquiatria e a psicanálise, entre outras instituições, se instalam e produzem uma certa realidade...
Assim, para a psicopatologia clínica, o Encontro com o paciente é um fio tênue onde as ações terapêuticas se fazem, mesmo não se fazendo. Há, pois, um paradoxo consistindo a Clínica, já que ela também é uma instituição como as outras. O trabalho em psicoterapia está, pois, imerso no risco da sua própria invalidação, podendo destruir, amordaçar, sabotar o desejo, quando parece estar promovendo-o. Isso não é fácil de lidar,ou de mudar, mesmo que possa ser dito em micro-textos como esse.
A.M.
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