sábado, 11 de outubro de 2014

QUIMIO-FELICIDADE

Desde 1952 nos acostumamos a ver o "paciente mental" sob o efeito de algum remédio químico. Este se tornou peça essencial, não só para o tratamento, mas na constituição de uma subjetividade enferma. Há uma espécie de "endurecimento" dos processos subjetivos em prol de uma fármaco-crença valorizada em toda a parte onde haja sofrimento. Ora, em toda parte há produção de sofrimento. Daí... Na década de 90 do século XX, os fármacos avançam e substituem a psicopatologia.  Pergunta-se: nos meios ditos psi, quem ainda estuda psicopatologia?
Tornou-se um hábito ver o paciente como expressão macilenta da química, induzida como milagre técnico-científico inquestionável. A Indústria produz, então, um "pensar" medicamentoso como campo por excelência da vontade de cura e/ou da melhora das patologias mentais. O Mercado dos remédios completa-lhe os passos epistemológicos com o objetivo maior que é o de manejar os sintomas. Curas são planejadas para 60, 90, 120 dias. À disposição dos consumidores, remédios para todos os males da alma, alguém duvida? Como tudo é sintoma, ou passou a sê-lo, (dada a degenerescência psíco-social imposta pela lógica do tempo capitalístico ), o objetivo "nobre" da psiquiatria tornou-se o de passar remédios, remédios, remédios à mão cheia e desse modo excluir o pensamento, a subjetividade, o desejo, a alegria, o senso crítico, a rebeldia, os afetos,a sensibilidade, enfim, a própria existência. Legiões de figuras-zumbis, entorpecidas pela química do horror, vagueiam pelas ruas, no mundo alienante do trabalho, no cotidiano massacrante, nos círculos familiares encharcados de ódio amoroso, etc. Todos são contemplados.

A.M.
       

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