sábado, 7 de março de 2015

CRISTÃOS OU CÍNICOS?

A linguagem é toda ela atravessada por "palavras de ordem" (Deleuze-Guattari). Portanto, o poder nos constitui. No curso da história da humanidade, os desvios semânticos são fartos e emblemáticos, ao ponto de até mesmo inverterem o significado do que se queria ou se quer dizer. Como simples exemplo, o cinismo, que foi uma escola filosófica grega, fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates: sua origem vem da palavra grega kýon (que significa "cão"), pelo fato de Diógenes de Sinope dormir no local que era usado frequentemente como abrigo para cães, para assim demonstrar completa recusa ao  modo de viver dos homens e renunciar aos bens e prazeres terrenos. Assim, buscava obter uma total independência das necessidades vitais e sociais. O autodomínio permitia, desse modo, alcançar a felicidade, entendida como o não ser afetado pelas coisas más da vida, pelas leis e convencionalismos, que eram valorizados, apenas, de acordo com o seu grau de conformidade com a razão. Hoje, o cinismo é apanágio dos que não se importam com o sentimento dos outros, enquanto o cristianismo seria o contrário. Há algo errado...

A.M.

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