sexta-feira, 1 de maio de 2015

DE VOLTA AO FUTURO

O fracasso do pan-racionalismo socialista não pode ser explicado apenas por razões históricas e empíricas. Sua razão profunda é ontológica: é ontologicamente que a utopia marxiana que faz coincidir trabalho funcional e atividade pessoal é irrealizável na escala dos grandes sistemas, pelo fato vidente de que o funcionamento da megamáquina industrial-burocrática exige uma subdivisão das tarefas que, uma vez instalada, perpetua-se e deve perpetuar-se por inércia, afim de tornar fiável e calculável a funcionalidade de cada uma das engrenagens humanas. A definição e a repartição as tarefas parciais são, portanto, determinadas pela matriz material, transcrita no organograma, da megamáquina que se quer fazer funcionar. É rigorosamente impossível, depois retraduzir tal funcionalização das atividades heterodeterminadas em termos de colaboração social voluntária. Ao contrário, a integração funcional dos indivíduos exclui sua integração social: a predeterminação funcional e suas relações os impedirá de tecer elos recíprocos fundados sobre a cooperação que visa a finalidades compartilhadas conforme critérios compartilhados. Ela impedirá que vivam a execução de sua tarefa como cooperação e pertencimento a um grupo.
(...)
André Gorz in Adeus ao proletariado 

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