OLIGARQUIA AD ETERNUM
Na guerra de números do impeachment, governistas e oposicionistas cantam vitória com tanta convicção que transformam a plateia numa multidão de céticos, capazes de negar até Mateus —todos querem ver para não crer. Nos últimos dias, porém, os rivais da presidente ganharam uma adesão que os deixou confiantes. A ex-governadora maranhense Roseana Sarney percorre os bastidores de Brasília cabalando votos pela aprovação do impeachment.
A movimentação de Roseana indica que o pai dela, o ex-tudo José Sarney, já desligou da tomada Dilma, Lula e o PT. Considerando-se o faro do personagem, que está no poder desde as Caravelas, todos estão autorizados a supor que a probabilidade de Michel Temer sentar-se na poltrona de Dilma é, hoje, de cerca de 102%.
Há seis décadas no topo da cadeia alimentar da oligarquia nacional, o chefe do clã dos Sarney revelou-se um sobrevivente notável. Numa hora, Sarney é o apoiador dos generais da ditadura. Noutra, é a mão estendida para Tancredo Neves. Num instante, é o vice indesejável. Noutro, é o inacreditável que as bactérias tornaram presidente ao atacar o organismo do eleito. Hoje, isso. Amanhã, aquilo.
Além de Roseana, também o deputado Sarney Filho (PV-MA) integrou-se à caravana do impeachment. Repete-se agora o que sucedeu em 1992, quando a dupla pegou em lanças pela queda de Fernando Collor de Mello. Com uma diferença: enquanto esteve na Presidência, Collor hostilizou os Sarney. Sob Lula e Dilma, o clã integrou-se gostosamente ao conglomerado governista.
Os humores dos Sarney começaram a azedar quando Dilma apoiou no Maranhão, em 2014, a candidatura de Flávio Dino (PCdoB) para o governo do Estado. Trata-se de um inimigo declarado dos Sarney. Hoje, Dino é, entre os governadores, um sócio atleta do clube do “não vai ter golpe.”
Do Blog do Josias de Souza,15/04/2016, 16:03 hs
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