sexta-feira, 13 de maio de 2016

ISABELLE STENGERS: TRECHO DE ENTREVISTA - 15/07/2013 - L´Humanité

Seu projeto é subintitulado “Resistir à barbárie que vem”, em referência à alternativa de Rosa Luxemburgo: “Socialismo ou barbárie”. É nesses termos que você enxerga a possibilidade de um porvir?

I.S. Quando eclodiu a guerra de 1914-1918, os proletários foram para ela, morreram no campo de batalha tendo nos lábios um canto de escravos, escreve Luxemburgo. É por isso que ela grita que o socialismo não está garantido, que a barbárie é uma possibilidade real. Estamos um pouco na mesma situação. Todo mundo conhece os malefícios da guerra econômica de todos contra cada um. E, no entanto, a gente se ativa retomando em coro o refrão da gloriosa competitividade. “A gente sabe bem isso aí, porém…”. Um dos mais aterrorizantes “porém”, aquele que afirma que “só o que as pessoas esperam é poder tirar seu corpo fora; são egoístas e cegas”. Ora, é preciso afirmar o seguinte: não sabemos do que “as pessoas” são capazes, pois elas saíram de uma operação de destruição sistemática do seu poder de agir e de pensar, ou seja, de colocar os problemas que lhes concernem coletivamente. O capitalismo não é apenas a exploração, é também, e talvez até em primeiro lugar, a expropriação, e isso desde aquela expropriação histórica dos “commons” na Inglaterra, quando os camponeses sem terra foram jogados nas estradas. Uma cultura prática da vida em comum foi destruída. Essa expropriação continua cada vez mais ferrenha hoje em dia, em nome da racionalização, do ganho de tempo, da necessidade de controlar. Não somos impotentes, fomos reduzidos à impotência.

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