domingo, 31 de julho de 2016

TEMPO

A vida é o tecido do tempo. Daí, não é o tempo que está em nós, mas, ao contrário, nós é que estamos no tempo. Ele nos antecede, nos distribui em brumas de mistério e estranheza. Aprendi com Bergson, Deleuze, com muita gente e comigo mesmo que o Tempo é tudo menos um, o que inclui eu, aqui, escrevendo nesse inverno cortante entre os ossos, fazendo a delícia de viver uma respiração anônima. Sou ninguém. Entrementes, tudo passa e circula. O tempo é o tecido da vida. Sem tristeza, sem euforia, e acima de tudo, sem queixa. Apenas uma sobriedade em face do desconhecido como aquele das horas de Virgínia Woolf. Enfim, a paisagem desenha e derrama o rosto da arte ao traçar linhas de horror e alegria no meio do cotidiano mais banal e irrecusável. É o Tempo, é o tempo...

A.M. 

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