A abordagem da questão "por que alguém se mata?" deve ser transdisciplinar. Não o sendo, a pesquisa cai num reducionismo estéril. É o caso da psiquiatria biológica. Ela atrela o suicídio a existência dos transtornos mentais; diz-se "ele, o suicida, sofria de algum transtorno". Ora, é possível que sim, mas o transtorno mental não explica nada. Ele é que deve ser explicado. Explicado por vetores sociais, econômicos, midiáticos, políticos, morais, culturais, religiosos, etc, que incidem na produção de subjetividades suicidas. A tarefa de pensar o suicídio é complexa na própria natureza da pesquisa, ou seja, na metodologia utilizada. Aquele que se matou óbviamente não estará presente numa pesquisa qualitativa. A sub-notificação dos casos novos (por motivos diversos) leva a uma imprecisão quantitativa dos dados. Além disso, o trabalho de prevenção e/ou tratamento está marcado pela implicação do tema com a condição humana de todos nós; afirmação ou destruição da vida? Assim, o tema suicídio está presente em todo pensamento sobre o viver. Discuti-lo é problematizar como vivemos e o que fazemos da vida como realidade coletiva.
A.M.
" (...) "ele, o suicida, sofria de algum transtorno". Ora, é possível que sim, mas o transtorno mental não explica nada. Ele é que deve ser explicado. Explicado por vetores sociais, econômicos, midiáticos, políticos, morais, culturais, religiosos, etc, que incidem na produção de subjetividades suicidas. (...) "
ResponderExcluirIaí...?