QUEM É POETA?
A experiência poética não é só a de quem escreve o poema, mas também a de quem o lê. Em tempos de tecnologia industrial avançada e aparentemente vencedora, a poesia ocupa um lugar de criação "menor" e por isso, maior. Maior só o menor, o ínfimo. Não no sentido de uma forma "pequena", mas o "sem forma", como nos espaços infinitesimais do filme O incrível homem que encolheu ( Jack Arnold, 1957). A experiência poética se dá num processo de criação subjetiva (bem entendido, no mundo) onde a violência feita à sintaxe e à semântica afronta o caos no próprio terreno que é o da semiótica. Produzir signos a-significantes talvez seja a função do poeta/leitor como aventureiro dos universos indizíveis. Por isso experimenta o gosto das paixões sem dono. Ler um poema é ligar-se ao poema numa linha de fuga existencial, nem que por um segundo. Zero para a possibilidade de interpretar ou compreender, ele, o sem-razão e sem-governo, o sem-sentido. O sentido é que é produzido pelo leitor. Assim, a experiência poética é acessivel a todos. Basta sentir a pulsação das horas no coração da Terra. Isso não é fácil, mas vale a pena.
A.M.
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