TEMPOS ASSIM
A experiência psicótica (loucura num sentido não-médico) constitui e recheia o momento político brasileiro. Se por um lado há um desmoronamento da Realidade em suas crenças básicas (espécie de vazio de sentido), por outro lado tal vazio é preenchido por certezas subjetivas (psicossociais) absolutas, daí não questionáveis. Simplificando muito para efeito de exposição didática, temos uma esquerda ancorada num messianismo populista e uma direita guiada pelo conservadorismo autoritário. Evitamos aqui o uso do termo "fascismo" em função da ambiguidade semântica que o segue historicamente. Assim, tanto a esquerda quanto a direita poderiam receber o epíteto de fascistas. A odiosidade, o ressentimento, a querelância, a violência, os agenciamentos de conspiração (pseudo-teorias bem montadas), entre outros afetos destrutivos, povoam o imaginário destes segmentos sociais. Fazem dos seus respectivos militantes ou meros simpatizantes, figuras transtornadas não só pela distorção da Realidade, mas, pior, pela criação de uma realidade suplementar, numa palavra, o delírio. Este substituiu o diálogo,o debate de ideias, o encontro, a convivência das diferenças pela escalada da morte como aniquilamento do Outro. A tristeza se abate sobre as massas, sobre as pessoas, mesmo que elas se digam alegres ao consumir ordens implícitas secretadas por agências de comunicação e informação. Difícil não ser pessimista em tempos assim.
A.M.
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