sexta-feira, 3 de maio de 2019

A cidade desejante 

As lojas estão fechadas
Os passos sumiram das escadas
Os carros desalojaram as ruas
Não se respira no caule das torres envidraçadas

(A poesia pura
perpendicula
nos varais e fios de alta tensão
A poesia grita
na pausa dos postes
sussurra 
ouvido colado ao chão )

Corpos desejantes na cidade muda
assistem à lenta morte como um arrebol.
Emulam a gama de gritos e cores
como se deles fossem
as gargantas decepadas dos dias.

A cidade grafita encena 
nos muros 
seu desejo de fêmea:
que a última
foda venha
queira 
seja 
a posse do 
poema.

Susanna Busato

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