A forma-psiquiatria e a forma-universidade são duas instituições (antes que organizações) agindo no coração de subjetividades amestradas. No caso psiquiátrico, giram em torno da consciência moral: o julgamento do louco. No caso da universidade, em torno do conhecimento imaculado: a verdade revelada. Tais linhas do desejo se conjugam na formação de técnicos em saúde mental submetidos à ordem médica e à tecnologia acadêmica. Ou o contrário, tanto faz. O que importa é que aí se encontram, não "pessoas", mas o lugar do psiquiatra e o lugar do professor. Às vezes chegam superpostos. Num caso como no outro, o efeito clínico-pedagógico realça imagens de um conservadorismo camuflado. Trata-se do espectro do paciente mental crônico, apassivado, reduzido a uma boca que consome ordens e psicofármacos. Ou, do outro lado, a figura do estudante submetido à máquina acadêmica produtora de discursos em série. Ora, é demasiado fácil observar tal fenômeno em estágios de universitários nos serviços de saúde mental. Uma mais-valia de conhecimento sendo produzida às custas do sofrimento mental. Do outro.
A.M.
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