Clínica dos afetos - II
A clínica dos afetos poderia ser chamada "clínica da diferença" ou "clínica das multiplicidades". A opção por "afetos" deve-se à estratégica de análise da psicopatologia que sustenta (ou deveria) a psiquiatria clínica. Veja: um paciente (qualquer...) está sob influência incessante de forças que se traduzem no corpo, na alma, na conduta, na existência enquanto afetos, intuições, sentimentos, tendências, emoções, impulsos, instintos, quer sejam criadores e/ou destrutivos. Tal perspectiva metodológica busca eliminar a visão do transtorno mental como evento extra-territorial (fora do meio em torno) o que faz por encaixotá-lo em modelos enrijecidos, frios, assépticos, desnaturados, seja o da visão médica, seja o de outras metodologias como a da terapia cognitivo-comportamental (TCC), sem dúvida, um monumento ao conformismo tornado ciência. Uma clínica dos afetos começa com os afetos em jogo postos pelo próprio técnico em saúde mental. O que Freud chamava de contratransferência pode ser ampliado por uma atitude de implicação ético-estética no que acontece ao Outro, sabendo que este Outro somos nós.
A.M.
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