Tanto em psicopatologia clínica como na vida, trabalhar com o conceito de "encontro" significa evitar qualquer humanismo, explícito ou disfarçado. Isto porque a noção de "pessoa humana" (própria do humanismo) está atrelada a uma forma social identitária. Fala-se em "pessoa" como sendo um valor absoluto. Ao contrário, pensar o encontro, não como um substantivo mas como um verbo, é o que nos conduz ao acontecimento "encontrar". Na esteira dos pensadores da diferença, encontrar é, antes de tudo, conectar mundos possíveis em meio à estranheza dos movimentos afetivos (desejos). Impulsionado pelo que faz viver, pelo que é viver, o encontro traça linhas existenciais sem garantias prévias. Neste sentido, encontrar é criar possibilidades ao novo, mesmo pequenas e até imperceptíveis. Por isso, retirar o encontro de um "encontro entre pessoas" assegura a imanência do acaso, o qual não está determinado por nenhuma vontade do eu, tampouco de uma instância metafísica superior. Esse é o mote para se pensar . Óbvio que é um exercício perigoso. Mas não é assim a vida?
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário