26 de julho de 2010
Com o nome ruidoso de "equipe técnica multidisciplinar" a proposta do Caps adentrava à vivência subjetiva do novo psiquiatra. Contudo, percebi que se não havia admissão (acolhimento) de novos pacientes, também não havia ação técnica integrada da equipe nem tampouco perspectiva de alta para os cadastrados no serviço. O antigo manicômio, sem dúvida, ali havia freado a prática dos seus horrores, mas a alternativa de produção de outras clínicas de cuidado ao paciente (ou usuário) não constituia a ordem do dia, ou sequer uma agenda de projetos institucionais inovadores. Encontrei o Caps burocratizado em torno de um ideário abstrato que escondia o modelo biomédico, ainda vigente e tóxico. A reverência à psiquiatria como "visão de mundo" marcava a descrição dos comportamentos ditos patológicos. Tal funcionamento clínico talvez haja criado condições para futuras cronificações, não só de muitos pacientes, mas do serviço como um todo. Ao meu redor, a cordialidade dos colegas não evitava que eu entrasse numa solidão clínica aparentemente incurável.
A.M.
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