quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

ESPIRAL


A noite é um morcego manso

sobrevoando uma cidade quase adormecida,

tomando cada rua, cada casa,


como um cheiro adocicado de fruta

quase apodrecida que penetrasse uma casa,

ganhasse cada quarto, cada sala,


como cheiro morno de coisa morta

ainda há pouco se espalhando

por uma cidade quase entorpecida,


como uma noite que descesse sobre casas

mortas, como uma peste,

como se nunca houvesse havido dia.


A noite é um morcego morto.


Paulo Henriques Britto

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