sábado, 25 de setembro de 2021

NENHUM MISTÉRIO - VII


Chega um momento em que as mãos

já não querem cumprir ordens.

Não pegam mais, não apertam,

e sim mordem.


Os olhos se cansam da luz,

os pés desprezam os pisos,

a mente rejeita todo e

qualquer juízo.


E o rosto — este velho disfarce

velhaco, por trás do qual

não há outra coisa senão

uma máscara igual,


o rosto nem mesmo se esforça

pra parecer que não é outro.

(Já, já não será mais preciso

fingir-se de morto.)


Paulo Henriques Britto

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