ESTUDOS SOBRE O SUICÍDIO - II
O Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criaram em 2015 a campanha de prevenção ao suicídio chamada "Setembro Amarelo". A ação buscava prevenir atos suicidas através o método de informar/comunicar a população sobre o tema. Tais entidades civis, a priori, consideram que sabem mais sobre o suicídio do que a sociedade em geral. Tudo bem. Estão "autorizadas" (cada uma a seu modo e do seu lugar social) a orientar pessoas e em consequência evitar que se matem. Assim, a campanha se instalou sobre a linha empírica do problema, a do ato suicida concreto. Tenta evitá-lo e para isso recorre à conscientização da gente. Atitude positiva. No entanto, sem entrar no mérito de "por que alguém quer se matar?", pode-se objetar: fazer uma campanha anti-suicídio não acaba paradoxalmente incitando a vontade de se matar? Em tempos tecnológicos atuais, os fluxos de imagens (internet, TV, celulares, etc) fabricam a subjetividade. Informar/comunicar é o seu método. Embutidas em imagens, palavras-de-ordem anti-suicidas abastecem neurônios e a todos nós, consumidores passivos. Mensagens tocam a ambiguidade da mente. Corria o ano de 2018. Era setembro. De manhã, ao chegar ao Caps, um paciente me perguntou: "esse é o mês do suicídio?"
A.M.
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